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Pedalando pelo mundo

Seguindo a reportagem da última edição do Jornal Plural com o artista, escultor e ciclista Jeferson Rossi Furtado, vamos contar agora sua experiência em cima de duas rodas percorrendo diversos lugares e viajando milhares de quilômetros. Ele além da arte também desenvolveu outra paixão, andar de bicicleta, “Desde o momento em que aprendi a andar em uma bicicleta sem as rodinhas laterais percebeu que ali haviam muitas possibilidades”, disse Jeferson.

Ao contrário de alguns amigos, que antes tinham o mesmo hábito e hoje abandonaram a prática, Jeferson Rossi Furtado, percebeu que a bicicleta o possibilitaria realizar muitos passeios, “Com apenas 14 anos fui juntamente com meus amigos de Santa Rosa até as ruínas de São Miguel nas Missões, são cerca de 116km. A aventura ocorreu durante um fim de semana, onde saímos no sábado e retornamos no dia seguinte, levamos barracas e mochilas pesadas”.

O sobrinho Pável Bauken durante a entrevista relatou que em uma ocasião tentou acompanhar o tio em um passeio no Anel Rodoviário de Santa Rosa e o esforço foi tamanho que tomou a água dele e de seu tio pedalou apenas metade do percurso não conseguia mais pedalar quando observou que Jeferson Furtado pedalava com pesos preso as pernas.

As primeiras viagens sobre duas rodas realizadas para o exterior foram realizadas na companhia de um amigo.

Um fato interessante é que desde o ano 2000, Jeferson vem registrando os quilômetros pedalados e segundo até a data atual já foram percorridos 122 mil KM, no entanto ele tem uma meta a ser alcançada até o ano de 2040 não só em quilometragem, mas também em tempo de pedaladas, “Os números impressionam, mas conheço pessoas que possuem quantidades muito maiores principalmente os competidores. A marca dos 100 mil quilômetros alcancei em uma viagem a Ilha de Cuba”.

O artista ciclista tem em comum um amigo de infância que também se aventura em longas viagens a bordo de uma bicicleta, Egon Mittelstadt que no mês de janeiro do ano de 2011 pedalou mil quilômetros saindo de Santa Rosa/RS até Salvador/BA, em 41 dias de viagem. Logo depois, ele percorreu em aproximadamente 50 dias 5 mil quilômetros de Santa Rosa no Rio Grande, do Sul até a cidade de Natal no Rio Grande do Norte.

“Ter um condicionamento físico é importante, no entanto, isso qualquer pessoa pode adquirir andando de forma regular, não há necessidade de se ter um equipamento caro, cheguei à marca dos 100 mil quilômetros pedalados com uma bicicleta que possuía há 25 anos”.

Ao ser questionado por quanto ele havia comprado a bicicleta, a resposta foi surpreendente, R$180,00, onde com ela, o aventureiro viajou duas vezes ao Chile, foi também para a Argentina, La Paz na Bolívia, Montevidéu no Uruguai, toda a Ilha de Cuba, sem contar os passeios pela região Noroeste do Rio Grande do Sul. A bicicleta das suas primeiras aventuras é um bem precioso, “Se vierem com uma Ferrari para eu trocar pela bicicleta, pra mim a Ferrari não vale absolutamente nada, tudo que eu tenho de valor agregado de vida interessante foi com ela que eu concretizei. Eu não vou entrar em detalhes das outras, tive muitas bicicletas na vida, mas essa me levou e nunca me deixou na mão. São tantas histórias, três vezes as Cordilheiras, fora as histórias legais de viagens que fiz sozinho com ela”.

Hoje a companheira está aposentada, pendurada em uma parede de sua casa com as sujeiras acumuladas na última viagem a Ilha de Cuba. Um dos momentos marcantes lembrado por Jeferson Rossi Furtado, foi durante uma viagem realizada justamente no Deserto do Atacama localizado a 1.600km da capital Santiago, no Chile enfrentando todas as adversidades climáticas e de resistência. O artista ciclista disse não ter medo de se jogar no mundo, “Uma vez que quando se propõe a bater uma meta as coisas conspiram a favor como por exemplo, uma aventura em Valparaíso, cidade portuária na costa do Chile, onde praticamente o vento a favor de Santa Rosa até o destino final. As coisas conspiram sempre ao meu favor”.

Ele relatou que o único momento de medo ocorreu em rodovia na Ilha de Cuba. Em sua frente na rodovia estavam dois caminhões e ao lado haviam mais de cem caixas de abelhas, assim que foi chegando perto achou bonito o colorido, ainda em movimento pegou uma máquina fotográfica para fazer umas fotos, após feito o clic, ás abelhas voaram em sua direção “Nesse momento as pessoas faziam gesto para que eu parasse, só que já estava coberto de abelhas, eu estava de óculos e boné e por sorte não usava o capacete, pois, os insetos poderiam entrar por baixo e a situação ficaria muito mais grave. Enquanto pedalava as abelhas começaram a grudar no corpo, então baixei a cabeça e aumentei a intensidade das pedaladas, pedalei como nunca. Fiquei completamente tomado pelas abelhas e tudo o que não desejava era tomar uma ferroada, aos poucos quanto mais me afastava do local onde estavam as caixas, as abelhas saiam do corpo aproximadamente 1 quilometro distante não acreditava que havia saído ileso daquela situação, foi quando levei a mão até a nuca e não deu outra, tinha uma abelha que lhe deixou com o ferrão cravado”.

Outra situação relatada por Jeferson Rossi Furtado ocorreu no Chaco Paraguaio, lugar quente como se fosse um sertão. “Você tendo água, está rico. Em um determinado momento escutei um barulho como se fosse um ronco, fui chegando perto e ai me dei conta que se tratava de uma nuvem de gafanhotos. Estava andando em uma estrada de areia e das laterais do chão surgiam os insetos que fecharam o céu ou pelo menos o espaço em que estava quase que escurecendo por completo. Isso que é uma viagem de bicicleta, você acorda pela manhã e se pergunta o que terá pela frente naquele dia”.

A bordo de uma bicicleta, Jeferson Rossi Furtado já visitou os seguintes países: Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Chile e Cuba. De todas essas pátrias, ele destacou uma situação envolvendo o nome de Ernesto Guevara de la Serna, para quem não conhece (Che Guevara), na cidade de Alta García, província de Córdoba, na Argentina, onde o líder revolucionário morou durante sua infância. Segundo ele, como seu pai era muito fã de Che Guevara, resolveu fazer uma homenagem levando as cinzas do pai e largar na casa onde o guerrilheiro argentino residiu.

Jeferson Furtado viajou de bicicleta cerca de 1.300 quilômetros com as cinzas de seu pai na bagagem até a casa que hoje é um museu com pertences da família de Che Guevara. Logo depois ele viajou para Cuba e visitou o local onde Che Guevara está sepultado.

Para o aventureiro, Cuba foi uma das viagens mais fáceis de realizar, no entanto, quando saiu de Havana em direção a Guantánamo no sul da ilha, teve o vendo como adversário, foram praticamente 1.500 quilômetros pedalando com uma força contrária. A cada viagem ele tem uma perda de peso de 5 a 6 quilos. Mas essa perda ocorre muito rápido. “È o corpo de adaptando, eu me sinto um bicho da estrada, ou seja, pronto para aquilo que estou fazendo”. Uma prova disso foi o que ocorreu no Deserto do Atacama no Chile. Ele contou que os ciclista chegam a um ponto do Atacama e acabam acampando para descansar e seguir viagem no dia seguinte. Jeferson Furtado e um amigo quebraram todas as regras. Além de pedalar 20km até chegar no ponto de repouso, subiram a trilha em oito horas, passaram pelo local e depois pedalaram 100km abaixo de frio e chuva congelante.

Jeferson falou sobre o ciclismo em Santa Rosa, o aventureiro chamou a atenção aos muitos lugares bonitos que a cidade oferece a todo aquele que deseja contemplar o meio ambiente. O ciclista disse que possui um álbum somente de fotos das maravilhosas cascatas em volta da região de Santa Rosa. Ele disse: “As pessoas não tem noção de quanta beleza existe no nosso interior”.

Ao encerrar a entrevista, Jeferson Rossi Furtado descreveu tudo o que viveu até agora como artista e desportista em uma única frase: “Olhar para trás e saber que valeu a pena!”.

Em breve Jeferson deverá relatar suas viagens e aventuras em um livro.

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