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Menos julgamento e mais empatia. Você pode fazer a diferença para que alguém abandone o cigarro de vez

Existem algumas etapas que envolvem o processo de parar de fumar, sendo uma delas a busca de apoio entre os familiares e amigos. Conforme explica Beatriz Ávila, psicóloga residente no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso do Hospital Universitário de Aracaju (SE), vinculado à Rede Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), largar o cigarro trata-se de uma decisão que gera impacto e exige mudanças de comportamentos muito pessoais e rotineiros por parte de quem toma essa atitude.

Neste contexto, segundo Beatriz, é frequente a identificação de situações e pessoas que podem estar associadas ao hábito, já que uma das variáveis que o reforçam é a associação entre o prazer que o cigarro traz e determinadas situações da rotina.

Diante disso, o suporte social pode ser importante tanto para ajudar o ex-fumante a evitar situações desencadeadoras do desejo pelo cigarro quanto para motivar a mudança. Tolerar as oscilações de humor, compreendendo que elas fazem parte de um processo e que são temporárias, também é uma forma de ajudar. No fim das contas, os entes queridos também estão inserindo-se nessa nova rotina, completa a psicóloga.

O que NÃO fazer com alguém que está tentando parar de fumar?

Nesse momento de abstinência, as chances de recaída são grandes e as dúvidas sobre continuar o tratamento também. Portanto, é importante evitar críticas ou tentar diminuir o esforço feito pelo ex-fumante.
“Qualquer comportamento que invalide ou questione a decisão do indivíduo pode ser visto como desestimulante. Por exemplo, questionar a necessidade de parar de fumar, questionar os benefícios e as motivações da pessoa”, afirma Beatriz.

Além disso, é fundamental não deixar que a tentativa de apoio vire cobrança em cima da pessoa que está parando de fumar. Ao invés disso, uma boa saída seria descobrir técnicas que auxiliem a pessoa em tratamento a lidar com a abstinência do cigarro.

Outra alternativa para evitar o tom de cobrança seria conversar abertamente com a pessoa que está em tratamento e levantar informações sobre como ela pode e gostaria de ser ajudada, sugere a psicóloga Beatriz Ávila.

Grupos de apoio ao tabagista

A maior vantagem dos grupos de apoio consiste na troca de experiências e na socialização de informações sobre o processo. Compartilhar com outras pessoas o que está acontecendo ajuda o ex-fumante em tratamento a entender que todos passam pelas mesmas dificuldades, a esclarecer quais são as mudanças sentidas ao longo do processo e, principalmente, a entender que os desconfortos são passageiros e os benefícios duradouros.

Nesse sentido, os grupos de apoio são ótimas estratégias para que os ex-fumantes encontrem motivação. Por estarem ao lado de outras pessoas que vivem ou já viveram a mesma situação, eles se sentem em um ambiente livre de julgamentos, que nem sempre é o que acontece entre os amigos e familiares. A psicóloga lembra ainda que os participantes tendem a criar vínculos de apoio e amizade que vão além dos encontros marcados.

Pelo SUS

Existe o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), presente nos 26 estados da federação brasileira e no Distrito Federal. Além dos grupos de apoio, os tratamentos oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) podem incluir práticas integrativas e o fornecimento de medicamentos. As informações sobre os locais de atendimento e horários disponíveis de tratamento podem ser encontradas nas unidades de atenção básica e nos hospitais próximos de casa ou do trabalho. O Disque Saúde no número 136 também oferece informações sobre como parar de fumar.

Que atitudes pessoas próximas podem adotar para ajudar o (ex) fumante?

É aí que entra a questão da empatia. Segundo a psicóloga, é muito importante colocar-se no lugar do outro, mostrar-se compreensivo e, acima de tudo, respeitar a decisão e motivação da pessoa.

Nesse sentido, é válido observar as estratégias que funcionam melhor para o ex-fumante e tentar reforçá-las. Parar de frequentar lugares que provoquem gatilhos a pedido da pessoa que está em tratamento é um exemplo de tática que vale ser reforçada.

“Muitas pessoas podem criticar, invalidar e prejudicar as medidas que a pessoa tem tomado para se afastar do cigarro, tornando importante a necessidade de ter por perto pessoas otimistas”, lembra Beatriz.

Assumir um compromisso público de largar o cigarro pode fazer diferença?

Sim. Assumir um compromisso público pode ser válido, pois a partir do momento que as pessoas próximas são informadas, elas poderão auxiliar como for possível. Além disso, com essa atitude, a pessoa que pretende parar de fumar pode sentir-se motivada a não decepcionar alguém por quem sente consideração, desejando permanecer firme em seus planos e promessas, complementa Beatriz.

Mas antes de incluir outras pessoas nessa luta contra o cigarro, é preciso tomar alguns cuidados. Primeiramente, esse compromisso público não deve se tornar uma cobrança social, deixando esse processo de mudança ainda mais carregado por ansiedade e desconforto por receio de uma possível frustração.

Em segundo lugar, o pedido para abandonar o vício feito por algum amigo ou familiar pode sim servir como incentivo e motivação, mas é importante que esteja associado ao interesse do fumante em mudar de hábitos. Sem isso, a motivação anterior não consegue manter sua força e o indivíduo pode perder-se de seu propósito, reforça a profissional.

Grupo de apoio em Santa Rosa

De acordo com a Diretora de Atenção Primária da Fundação Municipal da Saúde de Santa Rosa, Alice Klein Hofferber, o município tem instituído a política de combate e prevenção ao tabagismo. Ainda segundo a diretora, há uma coordenação onde são formados grupos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) (grupos contínuos), Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Se algum fumante deseja parar com o vício, ele pode procurar uma unidade básica e será encaminhado para um grupo. A Coordenação da política municipal de combate e prevenção ao tabagismo, realiza a organização dos insumos, dos medicamentos que são oferecidos, das consultas clinicas, dos atendimentos necessários. Alice Klein Hofferber destacou que há um programa que segue conforme o protocolo do Ministério da Saúde.

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