A importância da expressão artística no universo azul

É do conhecimento de todos que a cor azul representa o universo das pessoas com transtorno do espectro autista. Ela foi assim denominada, porque constatou-se que a incidência de autismo é maior em pessoas do sexo masculino, e menor em pessoas do sexo feminino. A cor azul, portanto, é uma simbologia e está presente nas expressões e manifestações de todas as pessoas que vivem e convivem com autistas.

Assim como a cor azul tem uma representação importante para as pessoas, os familiares e todos os envolvidos com o TEA, a arte como um todo é uma expressão de vida e pode ser um canal importante de manifestação às pessoas com transtorno do espectro autista.

Inicio essa reflexão com um pequeno trecho de um poema que teve grande repercussão nas redes sociais nos Estados Unidos no ano de 2019:

“Eu escuto vozes no ar/ Eu vejo que você não vê, e isso não é justo/ Eu não quero me sentir melancólico. Eu sou estranho, eu sou novo, eu finjo que você também é/ Eu me sinto como um menino no espaço sideral/ Eu toco as estrelas e me sinto fora de lugar/ Me preocupo com o que os outros podem pensar/ Eu choro quando as pessoas dão risada, faz com que eu queria encolher (…)”( Benjamin Giroux , 2019).

A oportunidade dada ao garoto Benjamin Giroux para que se expressasse através da arte, da escrita de um poema, permitiu que sua voz fosse ouvida e seus pensamentos e sentimentos conhecidos. É nossa grande missão, como professores de estudantes com transtorno do espectro autista, criar essas oportunidades de expressão.

Sabemos que a arte é, sem dúvida, uma necessidade de expressão do ser humano. Segundo Biesdorf e Wandscheer (2011) é por meio da arte que as pessoas podem manifestar suas necessidades, crenças, desejos, sonhos. Todos têm uma história, que pode ser individual ou coletiva e essa história pode dar voz a todas as pessoas que sentem vontade de exteriorizar emoções e normalmente não conseguem fazer.

Pessoas com espectro autista – TEA têm, em geral, desafios que limitam ou prejudicam a interação social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E percebemos, como educadores, que a arte pode trazer benefícios ao seu desenvolvimento.

A partir da expressão artística é possível conhecer sonhos e medos, compreender comportamentos, dar vazão aos sentimentos mais profundos, auxiliando o sujeito em seu autoconhecimento.

O poema de Benjamin é apenas um dos inúmeros exemplos de expressões artísticas em que os autistas estão e podem ser inseridos, seja na dança, na escultura, no teatro, no desenho e na pintura, enfim, em todas as expressões que possam permitir colocar o desejo e libertar as emoções. Cabe a todos nós, mas em especial aos professores, criar e dar as condições necessárias para que essas expressões sejam realmente ouvidas, vistas e aplaudidas!