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Sai que é sua, Taffarel!

Papo 90 – Resgatando nossa História Comunidade de Santa Rosa trouxe a oportunidade de conhecer mais sobre fatos e figuras marcantes de sua trajetória O resultado da ideia que surgiu a partir de desafio lançando por voluntários do Encontro Estadual de Hortigranjeiros – com a consciência de que Santa Rosa merecia registrar oficialmente suas histórias, sejam fatos marcantes de conhecimento público e outros temas curiosos que vieram à tona.

São histórias de segmentos, de famílias, de lideranças, de organizações que de alguma forma revelam as múltiplas facetas de nossa identidade cultural. Com engajamento do Encontro Estadual de Hortigranjeiros, a viabilização deste momento histórico se deu através de projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC), com financiamento do Pró Cultura RS, produção cultural da Lucano Cultura e Marketing e patrocínio da Cotrirosa e da Coopermil. Em parceria com o Hortigranjeiros, um grupo de voluntários e apoiadores da comunidade também se engajou para a execução do projeto.

Entre um dos entrevistados está Cláudio André Mergen Taffarel, um goleiro consagrado mundialmente, campeão do mundo, que deu seus primeiros passos no bairro Cruzeiro em Santa Rosa, jogou futebol por uma empresa de transporte coletivo, e alcançou voos inimagináveis se tornando um filho ilustre de Santa Rosa. A IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol) retrata Taffarel como um dos melhores da história. Entre 1989 e 2013, Taffarel já esteve presente em 13 listas. Quando ainda era jogador, destacou-se por oito vezes entre os dez melhores do mundo. Com a carreira finalizada em 2003, aos 37 anos, Taffarel ainda foi considerado o 10º melhor goleiro do mundo na história da IFFHS por cinco anos consecutivos (2009, 2010, 2011, 2012, 2013).

“Minha cidade tão querida que sempre está me homenageando, a Rótula do Taffarel que me orgulha bastante, sou meio alemão e italiano, meus avós no bairro Cruzeiro falavam somente em alemão, e eu não consegui aprender nada, meus outros avós só falavam italiano e também não aprendi, fui aprender a falar italiano quando joguei na Itália. Meu inicio de vida e infância foi muito bom, família unida, meus pais me deram o mais importante, agradeço muito por isso, que é educação. Lembro que nas festas de final de ano eu sempre pedia para meus tios bola de futebol, camisa, cotoveleira, joelheira e luva de goleiro, assim começando minha paixão pelo esporte, depois foi crescendo devido ao ambiente que eu vivia, meus amigos de Cruzeiro, jogando na equipe da empresa, minha primeira equipe, lembro da camisa toda verde, que está em minha sala de troféus a qual tenho muito orgulho, jogava só com gente boa, todos poderiam estar no Internacional até chegar na Seleção Brasileira, mas a vida é feita de oportunidades que te leva a coisas importantes. Minha infância foi rodeada de pessoas carinhosas que me ajudaram bastante em meu crescimento pessoal e de atleta, agradeço muito ao meu inicio de vida e as pessoas que estiveram próxima”.

Taffarel é o único goleiro campeão mundial da história a defender um pênalti numa final de Copa do Mundo. Tornou-se também o único jogador da Seleção Brasileira a nunca ser substituído em três Copas do Mundo consecutivas: 1990, 1994 e 1998, num total de 18 jogos como titular absoluto. Taffarel é dono do recorde em jogos de um goleiro brasileiro na história da Copa América com 25 partidas em cinco edições disputadas: 1989, 1991, 1993, 1995 e 1997. Foi bicampeão, vencendo em 1989 e 1997.

ESTUDOS

Taffarel lembra que seu inicio dos estudos foi em Crissiumal nas séries primárias, depois acabou retornando para cidade ondem fez seu segundo grau na Escola Da Paz, escola voltada muito ao esporte, “lembro das Olimpíadas Estudantis de Santa Rosa, jogávamos contra outros colégios da região Santo Ângelo, Horizontina entre outras, tínhamos uma força grande no esporte, um ótimo treinador de vôlei, uma gurizada boa e eu me destacava no vôlei era meu esporte, quando cheguei para fazer o teste no Internacional eu não era um bom jogador de futebol, lá tive que aprender tudo, o GEGA que me deu essa arrancada no esporte uma escola que foi fundamental na minha vida”.

ONDE NASCEU

Uma das maiores discussões na região é onde teria nascido Cláudio André Mergen Taffarel, Santa Rosa? Crissiumal?, então ele esclarece essa dúvida, “Minha origem é Santa Rosa, não entendo por que nasci em Tuparendi, mas onde eu nasci e meus pais e família moravam era Santa Rosa”, esclarece.

INÍCIO

No final de 1983, Taffarel se preparava para o alistamento militar, então o Prefeito de Crissiumal Carlos Vilagran, então cônsul do Internacional na cidade conseguiu um teste no Internacional, “realizei o peneirão, não foi nada muito técnico, chutavam a bola e eu defendia, tinha agilidade e coordenação, que o vôlei tinha me ensinado, acabei passando. Existe toda uma formação nas categorias de base do Internacional, cheguei com 18 anos, as categorias iniciavam aos 10 anos, muitos já tinham uma formação pronta, existiam mais de mil garotos fazendo teste, apenas três ficaram, tem que chegar no momento certo, com muita vontade e capacidade para permanecer”, relembra.

No mesmo ano foi realizado o Campeonato Brasileiro de Seleções, ele foi convocado para a Seleção Gaúcha, onde acabaram se sagrando campeões, “Era uma competição muito legal de disputar, jogávamos contra seleções dos estados, o Romário também disputou. Nossa equipe era muito boa, com jogadores do Inter e Grêmio, em seguida ocorreu uma convocação para o Sul Americano de seleções no Paraguai, e também saímos campeões, 1984 foi um ano muito especial, em 1985 ganhamos o mundial de juniores na União Soviética, quando retornei já comecei os trabalhos no profissional do Internacional, foi muito rápido”.

CARREIRA

No Internacional jogou de 1985 até 1990, “Infelizmente não ganhei títulos, tenho essa lembrança, um clube que me acolheu muito bem, deu toda uma formação para ter uma continuidade na carreira, mas não consegui dar um título para o Inter, sou ídolo, mas gostaria de ter ganho, infelizmente não consegui, essa é uma tristeza que tenho comigo, mas o carinho do torcedor acaba superando”.

Começou a se destacar nas Olimpíadas de Seul em 1988, quando espantou o mundo, fechando o gol do Brasil na semifinal contra a Alemanha. Naquela partida, Taffarel defendeu três pênaltis, um na prorrogação e, mais dois na decisão das penalidades. Com o feito, levou o Brasil a grande final contra a antiga União Soviética, porém, na grande final, deixou escapar o ouro, perdendo o jogo por 2 a 1 de virada, se tornado vice-campeão olímpico, com a medalha de prata. A partir dali, Taffarel começava a aparecer no cenário do futebol mundial; grandes atuações no Internacional e na Seleção fizeram com que os italianos o levassem ao Parma, sendo o primeiro goleiro brasileiro a jogar no futebol italiano.

Após a Copa do Mundo de 1990 onde a seleção do Brasil não fez uma boa campanha, sendo eliminado nas oitavas de final, “Lembro que cheguei no aeroporto para retornar ao Brasil, um empresário Italiano chegou e perguntou se eu gostaria de jogar na Itália, eu ainda pensei que era uma brincadeira, até porque não fizemos uma boa campanha, uma semana depois ele me ligou novamente, estava com 24 anos estava com muita vontade e energia, quando ele me ligou novamente então percebi que o negócio era sério, disse que estaria vindo ao Brasil juntamente com um dirigente do Parma para me contratar, foi uma novela bem desgastante, no final deu tudo certo. Cheguei na Itália ninguém imaginava um goleiro no Brasil atuando no país, cheguei fiz algumas publicidades, então pensaram que só tinha ido para propaganda da Parmalat, mas aos poucos fui jogando, mostrando minha capacidade, que tinha condições, fui aceito muito bem, ótimos anos”.

CAMPEÃO MUNDIAL

Pela Seleção Brasileira, Taffarel tem o maior número de jogos de um goleiro da história. Foram 123 aparições, com 113 jogos pela seleção principal. Cláudio Taffarel soma quatro jogos oficiais restritivos pela seleção dos Jogos Pan-Americanos de 1987 em Indianápolis e seis jogos nos Jogos Olímpicos de Verão de 1988. Jogou também as Copas do Mundo de 1990 na Itália, 1994 nos Estados Unidos e 1998 na França. Taffarel sofreu 15 gols nos 18 jogos em que defendeu o Brasil nas Copas do Mundo. Seu grande ápice na Seleção Brasileira foi a campanha rumo ao título na Copa do Mundo de 1994, defendendo a cobrança de Daniele Massaro na disputa por pênaltis contra a Itália em plena final. Também disputou a final de 1998, perdida para a França, após defender dois pênaltis, de Phillip Cocu e Ronald de Boer, na disputa por pênaltis na semifinal contra a Holanda. O bordão “Sai que é sua, Taffarel!” foi criado pelo narrador Galvão Bueno para as defesas do goleiro na Copa do Mundo de 1994.

O ano mais recordado entre todos 1994 quando a seleção Brasileira conquista o treta-campeonato, um ano transformador para todo grupo, “É um tempo que não passa, permanece sempre na memória, o torcedor sempre lembra, as crianças dizem que os pais pedem para assistir os vídeos da época. A copa de 90 perdemos para nós mesmos, a maioria era remanescente em 94, nos reunimos, conversamos que não poderíamos cometer os mesmos erros. A maioria pensava que a seleção deveria dar espetáculo, mas isso não estava dando resultado, não podíamos seguir nessa, priorizamos o coletivo, todos jogando ou não eram importante da mesma maneira, entramos de mãos dadas não por ser um gesto bonito, mas para mostrar união e o resultado foi muito merecido dentro do que foi proposta a fazer, jogar sério e unidos, jogamos bem e vencemos, uma vitória que convenceu as pessoas, o Brasil mudou bastante depois dessa copa, deixamos de lado o espetáculo, mas focamos na efetividade e vitória, um marco muito grande na seleção”.

O bairro Cruzeiro, GEGA, amigos, e Santa Rosa, me proporcionaram tudo isso

Taffarel disputou três copas do mundo, depois do Parma na Itália jogou pela Reggiana em 1993/1994, uma ano impressionante segundo ele, um time pequeno que lutava para não ser rebaixado, e acabou se salvando na última partida contra o Milan, “Após a competição acabei ficando sem clube, desempregado, e me apresentei na seleção para disputar a Copa do Mundo, fui campeão mundial e continuei desempregado por seis meses, um período que eu pensava mas por que não consigo achar uma equipe, até me apresentar no Atlético Mineiro, mas foi uma época boa, minha filha tinha completado um ano durante a Copa, e meu filho nasceu logo depois, fiquei desiludido com futebol nesse tempo, mas por outro lado foi muito bom. Cheguei para me apresentar em Minas Gerais e havia uma multidão me esperando no aeroporto, algo impressionante, andei de carro de Bombeiros até a sede para assinar contrato, foram três anos excelente. Em 1998 o treinador Leão chegou no clube e tinha sua característica, pegava o jogador que mais se destacava e chegava em cima, então começou um desgaste muito grande, acabei saindo. Depois da Copa me apresentei no Galatasaray na Turquia, mais três anos maravilhosos”.

Encerrando a carreira de atleta Taffarel, retornou ao Parma, “Lá tinha minha casa, estava em processo de encerrar a carreira, fui para ser o segundo goleiro para ajudar o jovem goleiro Frei, fiquei mais dois anos no clube, encerrando a carreira em 2003”.

Recentemente Cláudio Taffarel foi eleito o melhor goleiro de todos os tempos do Brasil, no ano de 2014, foi anunciado como preparador de goleiros da Seleção Brasileira, passando a integrar a comissão técnica formada pelo treinador Dunga. E Taffarel seguiu no cargo mesmo após a chegada de Tite ao escrete canarinho, “quando encerrei minha carreira pensei o que vou fazer agora, pensei agora vou me afastar um pouco, mas com o passar dos dias, ficava de pijama até ao meio dia, então pensei que isso não é a vida que eu quero, falta responsabilidade, adrenalina dos jogos, treinamentos, então fui trabalhar como empresário por cinco anos, mas foi algo que não gostei. No ano de 2010 o Dunga assumiu a seleção e me convidou para ser olheiro observando adversários, foi algo legal, ajudava o preparador de goleiros também, comecei a pegar gosto, depois da Copa o dunga me convidou para ser treinador de goleiros, assim iniciei a carreira”.

RÓTULA

Em 1998 o então Secretário de Cultura e Turismo de Santa Rosa, Gilnei Bauken de Oliveira, idealizou a Rótula do Esporte, conhecida por Rótula do Taffarel, durante o governo do Prefeito Júlio Osório Brum de Oliveira, “A esplêndida obra escultural foi feita por Jeferson Rossi Furtado, é uma homenagem ao goleiro tetracampeão mundial Cláudio Taffarel pela sua trajetória sendo natural de Santa Rosa”, relembra Gilnei.

“Foi com grande surpresa que recebi o convite para fazer a obra de arte para homenagear o Taffarel, que na época da copa fez grande defesas, levando o nosso país a ser campeão mundial, foi desafiador, pois estava começando nas artes, era uma grande responsabilidade, pois a escultura ficaria numa rótula central da cidade. Lembro-me da inauguração com a presença do Taffarel, articulado pelo então vereador Carlos Neitzke. A obra acabou virando uma referência, já vi muitos registrarem em fotos, além disso, é uma maneira de eternizar o grande atleta que foi e que ainda é Taffarel, além de ser uma vitrine para meus trabalhos, me sinto honrado em ter obras de arte feitas onde nasci, já fiz trabalhos para muitos lugares do Brasil, já tive peças expostas em Nova York, mas ver teu trabalho valorizado no lugar onde nasci tem um peso maior, sou muito grato por isso”, disse o escultor e artista, Jeferson Rossi Furtado.

LEMBRANÇAS

“Santa Rosa é minha casa, minha família, lamento muito que não posso ir mais seguido, as lembranças da praça onde eu jogava, quando eu pegava o ônibus Toda Hora para ir jogar contra os adversários, eu até dirigia, o pessoal ficava com cabelo em pé “não da o ônibus pra esse guri”, às vezes fico lembrando, não éramos irresponsáveis, mas vivia uma vida que talvez hoje fosse muito difícil. O bairro Cruzeiro, GEGA, amigos, Santa Rosa me proporcionaram tudo isso, às vezes vejo amigos que respondem minhas publicações nas redes sociais então começo a associar e lembrar, é bom ver que continuam me seguindo mesmo estando longe, esse contato é muito bom e permanece sempre. Podem ter certeza todos santa-rosenses que sou mais um junto com vocês, é uma cidade maravilhosa que sempre está crescendo, espero que continue assim, quero em breve estar junto com vocês”.

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