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“Perdi minha filha; ela só tinha 28 anos…”

O Jornal Plural ouviu o relato de uma mãe, buscando alertar as mulheres. Não fizemos drama, a verdade dói, por isso tentamos descrever nas linhas a seguir o sentimento mais profundo de perda, para que você “sinta” a importância da prevenção.

“[…] tive câncer de mama. Consegui vencer a fase mais difícil, enfrentando depressão, medo, angústia e pouco mais de um ano depois, minha filha, grávida, também foi diagnosticada com câncer de mama. Tudo o que sofri, voltou à tona com muito mais intensidade. Minha filha morreu oito meses depois”. Esse caso aconteceu em Santa Rosa.

Sandra Raquel Ceratti foi diagnosticada com câncer de mama em 2013.

A DESCOBERTA

“Estava tomando banho e senti um carocinho. Falei para minha vizinha e ela me levou, na hora, no Posto de Saúde do Bairro Glória, que era próximo de onde eu morava. Foi quando descobri, após exames, que era câncer de mama”.

O DRAMA

“No momento que recebi o resultado fiquei meio avoada, não caiu a ficha. Fui encaminhada para o doutor que começou a me explicar sobre a quimioterapia; 14 dias depois iria começar a cair o cabelo. Na hora eu concordava com tudo, dizia tudo bem, mas parecia que aquilo não estava acontecendo comigo. Então comecei o tratamento e durante a primeira semana fiquei muito mal com a quimioterapia, não podia nem sentir cheiro de comida, perfume, passava a noite vomitando”.

O TRATAMENTO

“Eu havia cortado um pouco o cabelo, estava no banho e notei que quanto mais a água corria, mais o cabelo caía. Então sentei no chão e pensei: ‘agora é meu fim’. Foi então que caiu a ficha e percebi que era verdade. Quando me olhei no espelho era um fio aqui, outro ali. Minha filha mais nova, Bianca, estava morando comigo, então pedi para me ajudar a passar a máquina no que sobrou do cabelo. Ela também estava em choque e não conseguiu me ajudar, então meu genro passou a máquina. Ele cortava e chorava junto com a minha filha, eu dizia para eles não chorarem, que isso era normal, para tentar não deixar eles tristes. Após o corte coloquei um lenço, não fica um fio de cabelo no corpo. Quem sempre estava do meu lado era a tia Nói e Mimi”.

A SUPERAÇÃO

“Eu sempre me arrumava bem, passava maquiagem, fazia piadas de eu mesma, pois não gostava que as pessoas tivessem pena de mim. Quando eu ia fazer a quimioterapia, que é um soro, eu saia da sala caminhando e as gurias do hospital me diziam para voltar e não ficar no corredor. Eu brincava dizendo que lá dentro só tinha doente e eu não era doente. Claro que quando eu estava sozinha chorava muito, mas ninguém via. De manhã eu levantava, tomava meu banho, me maquiava e estava pronta para mais um dia”.

SUS

“Uma maravilha, não gastei nada, tudo rápido, o atendimento no hospital, as gurias, os médicos, nota 10. Faço exames a cada seis meses e todo atendimento é rápido, não tenho queixas do SUS”.

Sandra contou que também participou do grupo MAMA VIVA, onde frequentou reuniões e conheceu mulheres que passaram pela mesma situação. Após oito quimioterapias e 36 radioterapias, Sandra venceu a primeira batalha contra o câncer e continua o tratamento que é uma quimioterapia via oral: um comprimido todos os dias durante 10 anos, medicamento gratuito.

Atualmente em Santa Rosa
O setor de quimioterapia do Hospital Vida e Saúde atende atualmente 880 pacientes, destes, 550 são mulheres e 460 são devido a câncer de mama.

O PESADELO

A história continua: a filha mais velha de Sandra foi diagnosticada com câncer de mama após o nascimento do filho: “Minha filha Magda, de 28 anos, estava grávida e após o nascimento do filho começou a abrir o bico do seio, então ela foi consultar com outra médica, que mandou fazer o exame. Foi constatado o câncer e ela sentia muita dor. Era um câncer de mama, mas líquido, não por caroço como foi meu caso. Foi muito rápido, em poucos meses. Eu pedia para Deus me levar e não levar ela, mas a Magda logo começou a perder os movimentos das pernas. Tínhamos que dar banho nela; era difícil, ela chorava de dor. Um dia ela me disse que não iria mais chorar, falou sobre a menina Raissa, que tinha feridas pelo corpo todo e era uma criança”.

Na frente da filha Magda, Sandra tentava ser sempre forte e dar apoio, dizendo que tudo iria ficar bem, mas tudo mudava nos momentos que estava sozinha em casa: “Na frente dela eu dava apoio, dizia que já tinha passado por isso que tudo iria ficar bem, que ela era mais jovem e tudo daria certo; e realmente eu pensava isso, que ela iria conseguir”.

Magda faleceu quando seu filho estava com oito meses de vida. “Ela fazia tantos planos com o filho”.

Hoje em dia Sandra faz tratamento contra depressão. “Eu não consigo ficar sozinha, me lembro de tudo e começo a me culpa. O que me mantém forte é meu neto; ele é tudo para mim, ele que me dá forças”.

Sandra também deixa um recado para as mulheres: “tem que fazer o exame assim que der; a partir dos 18 anos, quanto antes melhor. Falam que a partir dos 40 anos é recomendando fazer o exame, mas não tem idade. É só ir à oncologia e ver que tem mulheres de todas as idades”.

Fatores a serem cuidados

O câncer de mama afeta a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. Para ter um panorama de seu impacto é preciso recorrer aos estudos que procuram mensurar a abrangência dessa doença. Segundo a última pesquisa realizada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) sobre a incidência do câncer no mundo, o câncer de mama é um dos três tipos de maior incidência, junto com o de pulmão e o colorretal, e é o que mais acomete as mulheres em 154 países dos 185 analisados.

Em 2018, eram esperados aproximadamente 2,1 milhões de novos diagnósticos de câncer de mama, contribuindo com cerca de 11,6% do total de casos de câncer no mundo. Este tipo de câncer, segundo a instituição, é o quinto em questão de mortalidade no mundo, sendo estimadas mais de 627 mil mortes em 2018 – o que representa 6,6% do total de mortes por todos os tipos da doença. A pesquisa também aponta que uma a cada quatro mulheres que têm um caso de câncer diagnosticado têm câncer de mama, representando 24,2% do total.

No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama também é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no país (excluídos os tumores de pele não melanoma). Para 2019, foram estimados 59.700 casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 51,29 casos por 100 mil mulheres. A única região do país em que o câncer de mama não é o mais comum entre as mulheres é a Norte, onde o de colo de útero ocupa a primeira posição.

A incidência da doença aumenta em mulheres a partir dos 40 anos. Abaixo dessa faixa etária, a ocorrência da doença é menor, bem como sua mortalidade, tendo ocorrido menos de 10 óbitos a cada 100 mil mulheres. Já a partir dos 60 anos o risco é 10 vezes maior. A redução de risco e o diagnóstico precoce da doença seguem sendo os principais fatores para reduzir a mortalidade por câncer. Segundo o INCA, é possível reduzir em 28% o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama a partir da adoção de alguns hábitos.

O Portal Plural conversou com o Dr. Sérgio Hesler que nos repassou alguns dados sobre possíveis causas associadas ao câncer de mama, também lembrou que não há uma causa única, mas hoje se sabe que alguns comportamentos estão relacionados ao surgimento do câncer de mama como:

– Histórico familiar de câncer de mama,
– Consumo de álcool,
– Excesso de peso,
– Sedentarismo,
– Exposição à radiação ionizante
– Envelhecimento (quanto mais idade, maior o risco de ter a doença),
– Fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher (idade da primeira menstruação,
– ter tido ou não filhos,
– ter ou não amamentado,
– idade em que entrou na menopausa,
– exposição à radiação ionizante.

“A prática de atividade física e de uma alimentação saudável, com manutenção do peso corporal adequado, estão associadas ao menor risco de desenvolver o câncer de mama. Cerca de 30% dos casos poderiam ser evitados quando adotados hábitos saudáveis e realizado os exames de prevenção precoce”, enfatiza Dr. Sérgio Hesler, que ressalta os principais sintomas que devem ser observados, “Fique atento a qualquer mudança nas suas mamas. Realize sempre o auto exame. Faça mamografias anuais a partir dos 40 anos e consulte seu médico regularmente”.

Principais sinais e sintomas:
– caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor;
– pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja,
– alterações no bico do seio (mamilo)
– saída de líquido de um dos mamilos.
– pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).
– Importante é ficar alerta e estar atenta ao próprio corpo e diante de qualquer suspeita ou alteração nas mamas contate seu médico para uma investigação e início de um tratamento adequado.

De acordo com o INCA (Instiuto Nacional do Câncer) e o MINISTÉRIO DA SAÚDE, três pilares estratégicos devem ser reforçados no controle da doença: prevenção primária, detecção precoce e mamografia.

Já o diagnóstico precoce possibilita que as chances de cura sejam muito maiores para a paciente, chegando a 95%. Infelizmente, quanto mais avançado for o estágio do câncer de mama no momento em que a doença é detectada, ou seja, quanto mais tarde a doença for diagnosticada e tratada, essa chance de cura vai ficando menor.

Por isso, é preciso que as mulheres conheçam seu corpo e suas mamas, estejam atentas a qualquer alteração que possa indicar uma anormalidade e procurem um médico imediatamente caso identifiquem alguma suspeita Além disso, deve-se realizar os exames de mamografia periodicamente. O INCA afirma que a mortalidade da doença diminui em cerca de 20% nas mulheres entre 50 e 69 anos que realizam o exame a cada dois anos.

A FEMAMA e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomendam a realização anual da mamografia regular a partir dos 40 anos em mulheres assintomáticas, como define a Lei 11.664/2008. No SUS, porém, por determinação do Ministério da Saúde, a orientação é para que a mamografia seja realizada em mulheres com idade entre 50 e 69 anos a cada dois anos.

Homens representam 1% do total de casos de câncer de mama

Para cada 100 mulheres diagnosticadas com câncer de mama, existe um homem atingido pela doença. Isso significa que os homens representam 1% do total de casos de câncer de mama no Brasil.

Retração de pele, aparecimento de nódulos ou caroços, secreção pela aréola (mamilo), gânglios ou ínguas nas axilas são os sintomas mais comuns de câncer de mama em homens, além de vermelhidão na área do peito e coceira.

De acordo com dados disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Ministério da Saúde, houve no país 16.724 mortes por câncer de mama feminino e 203 mortes por câncer de mama masculino no Brasil, em 2017. Em 2016, foram16.069 mortes por câncer de mama feminino no país e 185 mortes por câncer de mama masculino e, em 2015, ocorreram 15.403 mortes por câncer de mama feminino no Brasil e 187 mortes por câncer de mama masculino.

De acordo com dados do INCA, disponibilizados pela assessoria de imprensa do órgão do Ministério da Saúde, outros fatores de risco para o câncer de mama em homens são condições que podem aumentar o nível de estrogênio no corpo, como obesidade, alcoolismo, doença hepática, síndrome de Klinefelter (quando uma pessoa do sexo masculino apresenta um cromossomo X a mais); e radioterapia prévia para a área do tórax.

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