Segundo a empresa de comunicação BBC News, a busca pelas ‘árvores da Lua’ que cresceram, a partir de sementes que viajaram para o espaço. Como qualquer um que tenha cultivado com sucesso uma planta a partir de sementes sabe, isso é uma conquista a se celebrar.
Sua origem remonta a uma missão à Lua em 1971, quando o astronauta Stuart Roosa levou 500 sementes de árvores em sua espaçonave Apollo 14. As árvores que cresceram a partir dessas sementes ficaram conhecidas como Moon Trees ou “árvores da Lua”.
A ideia de levar sementes de árvores à Lua remonta ao início da carreira de Stuart Roosa na década de 1950, quando ele trabalhava para o Serviço Florestal dos EUA.
Como muitos dos primeiros astronautas, Roosa era uma espécie de herói de filme de ação na vida real.
Depois do “quase desastre” da Apollo 13, a Nasa estava sob enorme pressão política para garantir que esta missão transcorresse sem problemas. Mas depois de três horas de voo, algo começou a dar errado.
O trabalho de Roosa era separar os módulos de comando e serviço, girar 180 graus e atracar com o módulo de pouso.
A manobra ocorreu conforme o planejado e Roosa alinhou perfeitamente a sonda na ponta do módulo de comando com a escotilha da sonda.
Mas quando as duas espaçonaves se juntaram, o mecanismo de trava não engatou.
A tripulação começou a pensar que teria de abortar a missão.
Foi apenas após a sexta tentativa, quase duas horas depois, que as travas finalmente se fecharam.
O resto da missão foi quase impecável.
Roosa (com suas sementes) passou dois dias em órbita no módulo de comando, mantendo sistemas de naves espaciais, realizando experimentos e tirando fotos da superfície lunar.
Ele se tornou um dos seis homens a ficar completamente sozinho no espaço profundo.
Em 9 de fevereiro de 1971, a tripulação da Apollo 14 retornou à Terra como heróis e o programa lunar voltou ao normal.
Enquanto isso, a maioria das sementes foi devolvida ao Serviço Florestal, embora Roosa e Mitchell tivessem guardado algumas para si.
E é aí que a história começa a ficar um pouco imprecisa. Apesar do fato de que tudo foi supostamente um experimento científico conduzido por duas respeitadas organizações governamentais dos EUA, ninguém na época mantinha registros precisos de exatamente onde as sementes foram parar ou onde as árvores da Lua que cresceram a partir delas foram plantadas.
“O Serviço Florestal começou a espalhá-las, principalmente durante o bicentenário dos EUA em 1976, e por isso elas foram doadas”, diz Rosemary Roosa.
“Quando me deparo com as árvores da Lua originais, muitas delas são plantadas em capitais, jardins botânicos e parques, mas não há documentação formal que eu saiba”, acrescenta.
Algumas sementes também foram enviadas para o exterior, embora não esteja claro exatamente para onde.
Sabe-se que três árvores da Lua foram parar no Brasil, possivelmente uma na França e algo entre 12 e 15 árvores lunares de primeira geração foram plantadas no Reino Unido.
A Royal Astronomical Society passou o último ano tentando localizá-las, sem sucesso.
“A última árvore da Lua que eu conheço foi plantada por meu pai e por mim em Austin, no Texas, no final dos anos 70”, diz Roosa.
A árvore foi plantada na casa em que ela cresceu.
“Eu estava no quintal e meu pai disse: ‘Ei, esta é a última semente da Árvore da Lua que eu tenho, vamos plantar e ver o que acontece.’”
Stuart Roosa morreu em 1994 e Rosemary criou a Moon Tree Foundation para manter vivo seu legado.
A Nasa, através dos esforços do cientista Dave Williams, também vem tentando acompanhar as árvores e divulgou uma lista de mais de 60 plantas de primeira geração que ainda estão vivas.
No Brasil, há três árvores da Lua plantadas: uma árvore-do-âmbar no Instituto Ibama em Brasília, plantada em 14 de janeiro de 1980; uma sequoia em Santa Rosa (RS), plantada em 18 de agosto de 1981; e outra sequoia em Cambará do Sul (RS), plantada em 26 de setembro de 1982.
A maioria parece estar nos EUA, embora pareça que as árvores plantadas a partir de sementes enviadas ao Brasil ainda estão prosperando.
Desde a Apollo 14, houve dezenas de experimentos semelhantes, embora mais cientificamente rigorosos, envolvendo o envio de sementes e plantas para o espaço.
Atualmente, a salada comida pelos astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) é cultivada a bordo.
SANTA ROSA
Para o Brasil vieram 03 arvorezinhas. Uma foi plantada na Embaixada em Brasília, outra no Rio de Janeiro e a terceira veio para Santa Rosa. Estava acontecendo a V Fenasoja, nesta ocasião veio o Presidente da República João Figueiredo. Betto Almeida criou e projetou uma replica da Nave Apolo 14 para homenagear e relembrar este patrimônio histórico.
“Queremos dar mais notoriedade à nossa árvore e fazer uma homenagem à Nasa, mais propriamente à missão Apolo 14. Isso chamou tanta atenção que a Nasa passou a olhar com mais carinho para esse projeto”, comentou o projetista Betto Almeida.
A Agência Espacial reconhece como oficiais, no Brasil:
_ Árvore plantada em 1980 na sede do Ibama, em Brasília,
_ Outra no Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
_ E no Parque de Exposições de Santa Rosa, no noroeste do Estado, um ano e meio depois como atração para a 5ª Feira Nacional da Soja em agosto de 1981.
A árvore foi doada ao município em 1981, em comemoração aos 50 anos da cidade. O empresário Nilso Guidolin conta como foi o dia.
“O presidente João Figueiredo trouxe aqui no dia 13 de agosto de 1981. Às 13h ela foi plantada. Foram tocados os sinos e ficou declarado que o homem seria o guardião da natureza”, disse ele. A sequoia pode ser visitada no Parque da Fenasoja.
A Sequoia é estranha à flora nacional e tem uma história singular, com ingredientes de ficção científica. Nativa da América do Norte, a Liquidambar styraciflua, conhecida popularmente como liquidâmbar, árvore do âmbar ou carvalho canadense, nasceu de uma semente enviada à Lua há quase 50 anos no bosque do Parque de Exposições Alfredo Leandro Carlson, Missões Noroeste do Rio Grande do Sul. De aparência frágil, com ramos tortos e descoloridos e tronco afinado, a árvore foi tema de um documentário e pode ser visitada no Parque de Exposições.