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Avipae, há 20 anos transformando vidas

A Associação Vida Plena Amor Exigente (AVIPAE), nasceu através de um a sonho. Um padre e um grupo de pessoas viram a necessidade de ter um centro de apoio a dependentes químicos e alcoólatras.

Sendo assim, há 21 anos atrás, padre Edegar e mais três pessoas, chegaram ao prédio de uma antiga escola, no interior de Porto Mauá. E segundo ele, ao chegar no local, sentiu que era o lugar certo para começar a escrever a história e ajudar a mudar muitas vidas .

“Acompanhando as pessoas que participavam dos grupos chamado “Pacto” que era destinado a pessoas que possuíam problemas com dependência química, percebemos que as famílias também buscavam comunidades terapêuticas e não tínhamos na região. Assim, junto com uma associação,o projeto Avipae nasceu e a história começou” contou o presidente da Avipae Padre Edegar de Matos.

O sonho cresceu e precisou se expandir para outras cidades da região Noroeste do Estado. Hoje, a Avipae possui comunidades em Porto Mauá – Comunidade São Nicolau, Alecrim – Comunidade São Luiz Gonzaga, Horizontina – Comunidade São João Batista e Santa Rosa – Comunidade Tupancy, ao total cerca de 100 pessoas vivem nas comunidades.

Em Porto Mauá, Alecrim e Horizontina, são acolhidos homens. Santa Rosa é responsável pela triagem das comunidades e acolhimento apenas de mulheres.

Pilares do tratamento: Trabalho, disciplina e oração

O tratamento realizado na comunidade terapêutica tem a durabilidade de nove meses e é baseado em três pilares: trabalho, disciplina e oração. Cada pilar é fundamental no processo para que os dependentes consigam retomar suas vidas lá fora.

Os acolhidos possuem uma rotina regrada, desenvolvem atividades como tratar animais, cuidar da horta, cozinhar, organizar a casa. Esse é o pilar trabalho que auxilia no processo de recuperação do senso de sociedade. Além do trabalho interno, onde eles aprendem a olhar e lidar com as emoções.

Já a disciplina, ajuda no cumprimento de regras, pois quando os acolhidos estão lá fora, perdem a noção de compromisso e responsabilidades.

Por último a oração, respeitando todas as religiões, eles mostram como a espiritualidade ajudará no processo de força e equilíbrio quando eles retomarem a vida normal e encararem os desafios lá fora.

“ Muitas pessoas que buscam o tratamento, muitas vezes já foram excluídas do convívio da própria família, não tem mais vínculos e não possuem ajuda lá fora. A comunidade terapêutica, serve para resgatar esses vínculos, buscar uma vida nova, do começo”, destacou Anderson Noro, gerente Avipae.

Só por hoje: um passo de cada vez para mudar a realidade

Os acolhidos que chegam a comunidade, trazem consigo uma bagagem cheia de histórias do passado, além de uma expectativa de como será o futuro quando retornarem para o convívio social. Mas nas comunidades, eles aprendem a filosofia que “é um dia de cada vez”, cada dia importa. Por isso, eles sabem exatamente o tempo que estão sem o uso das drogas.

Roque é monitor em Porto Mauá e conta a importância dessa filosofia durante seu processo de recuperação.

“Fazem 7 anos 11 meses e 15 que estou sem o uso da droga. Cada dia importa, pois quando se torna muito insuportável, eu sei que só preciso vencer o período de 24 horas”, Roque Albernard.

“Fazem 10 anos, 2 meses e 26 dias, porque é só por hoje, só agora. Daqui a dez minutos eu posso estar em uma depressão profunda e vou pensar que seu eu orar por 20 minutos, aquilo tudo vai passar, vou olhar para trás e pensar: ainda bem que é só por hoje, amanhã vai ser um novo dia e tudo será diferente,” explicou Anizie.

A Avipae é uma comunidade Filantrópica que recebe a todos e mostra para os acolhidos que cada momento difícil da vida é um processo possível de ser superado e transmutado.

Pessoas que passaram pelas comunidades e hoje ajudam os acolhidos no tratamento

Cada comunidade terapêutica possui um monitor que auxilia e orienta os acolhidos. Essa pessoa é alguém que já passou por uma comunidade terapêutica e sabe exatamente como funciona o processo e a transformação que ele gera.

A equipe do Portal Plural, conversou com o Jean e a Anizie. Jean atua na comunidade São Luiz Gonzaga em Alecrim e Anizie na Tupancy, em Santa Rosa.

Jean, era engenheiro, trabalhava em uma grande empresa e viu sua vida mudar completamente após o primeiro contato com a droga. Hoje, ele mostra para outros acolhidos que é possível deixar a dependência química.

“ Depois de perder emprego, família, eu cheguei a conclusão que precisava de ajuda,talvez esse foi o momento mais difícil da minha vida. O tratamento não é fácil, se eu dissesse que era fácil, estaria mentindo. São nove meses isolado do mundo, mas que foram fundamentais para a vida que levo hoje, “disse Jean Alessandro Bohm.

A Anizie, utlizava como bengala emocional a questão familiar e por muitos anos, enxergou a droga como a única amiga e aliada.

“ Não é fácil, eu compreendo todo o lado delas ao chegar aqui. Eu compreendo antes de chegar aqui. Eu sei o que elas passaram, eu já estive do outro lado também”, disse Anizie Vieira, monitora.

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