por Donato Heinen, de São Mamede, Leiria, Portugal
O turismo é uma das fontes de receita mais importantes para Portugal. Apesar de ter apenas em torno de 1/3 da área territorial do Rio Grande do Sul, o país recebeu em 2022 em torno de 1,7 milhão de turistas com 4,2 milhões de pernoites. Destes, os turistas estrangeiros responderam por 68,9% das dormidas. Depois de Grécia e Portugal, os países europeus onde o turismo tem mais participação no PIB são a Áustria, Espanha, Itália, Turquia e Reino Unido.
Pia do Urso – O lugar é denominado Pia do Urso porque antigamente ursos vinham beber água em meio a reservatórios naturais em formato de pia que existem no local. Lá, tem um ecoparque sensorial para orientar os deficientes visuais no percurso. Além do parque, tem casas antigas restauradas – a maioria de pedra –, cafés e restaurantes. Visitamos Pia de Urso no início de abril. Fica a poucos quilômetros daqui onde residimos.
Fátima – A Basílica da Santíssima Trindade está a apenas 4 km de casa. É um belíssimo templo religioso que integra o complexo do Santuário de Fátima, inaugurado em 12 outubro de 2007 pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano. Tem a impressionante capacidade de acomodar 8.633 pessoas sentadas. O projeto é do arquiteto grego Alexandros Tombazis
Grutas – Localizadas na Freguesia de Mira de Aire, município de Porto de Mós, no distrito de Leiria, as grutas de Mira de Aire são um espetáculo da natureza. São as maiores de Portugal com mais de 11,5 mil metros de extensão. A Gruta dos Moinhos Velhos está aberta à visitação pública, sendo que 600 metros são visitáveis. Trata-se de um empreendimento privado, sendo considerado como imóvel de interesse público. As grutas foram descobertas por acaso, em 1947, quando moradores da então vila onde se localizam desceram ao seu interior para procurar água. Pouco tempo depois, chegavam ao local os primeiros espeleólogos vindos de Lisboa.
Público – O acesso do público às grutas iniciou em 1974. A visitação começa no alto de um morro situado na zona urbana de Mira de Aire, por dentro de uma edificação. Não há qualquer vestígio externo da existência das grutas. O percurso inicia numa sala onde é exibido um vídeo sobre a história do local e suas atrações. Em seguida, grupos de cerca de 20 a 30 pessoas, acompanhados de um guia, descem os primeiros degraus dos 683 que perfazem o percurso, chegando a uma profundidade de 110 metros. Ao final do trajeto, a subida é feita através de um elevador. A volta à superfície acontece em um outro local da vila, mais abaixo, de onde se retorna ao ponto de acesso às grutas caminhando pela rua.
Investimento – Difícil calcular o montante. Mas os valores investidos pela empresa que explora as grutas são muito elevados. São escadarias, calçadas, corrimões, iluminação etc. Cerca de 3 mil lâmpadas de diversas cores iluminam o percurso. A temperatura interna é estável durante o ano todo, com cerca de 17º. O maior espaço no interior das grutas possui enormes bancadas de calcário, que medem entre 10 e 30 metros de altura. Estima-se que ossos petrificados de animais encontrados no interior da gruta tenham mais de 2,6 milhões de anos, sendo do período quarternário.
Brasil – Se fosse no Brasil, possivelmente nenhuma intervenção nas grutas seria autorizada pelos bur(r)ocratas. Afinal, é preciso preservar a natureza, diriam. Centenas de ONG’s receberiam dinheiro público para defender o meio ambiente…
Peniche – Situada no extremo Sul do Distrito de Leiria, junto ao Oceano Atlântico, Peniche é a cidade mais ocidental da Europa Continental. Tem cerca de 26,4 mil habitantes A pesca, o turismo e a agricultura são as principais fontes econômicas do pequeno município de apenas 77,5 km2. Do porto de Peniche, entre abril e outubro, saem diariamente barcos que levam os turistas até o arquipélago das Berlengas, situado a cerca de 10 km da costa.
Berlengas – A reserva Natural das Berlengas é considerada Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO desde 2011. O arquipélago das Berlengas é composto por ilhas graníticas, tendo sido a primeira área protegida de Portugal. A Berlenga Grande é dividida em duas partes e possui 78,8 hectares, com 1,5 km de extensão. Centenas de turistas e pescadores visitam a ilha diariamente, entre abril e outubro. Mas Berlengas tem apenas três moradores permanentes, dois faroleiros – cujas duplas se revezam a cada semana – e um vigilante do ICNB. Visitamos as Berlengas no domingo (16) pela manhã. A travessia dura cerca de meia hora. Na ida, o barco catamarã balançou muito, com vento e ondas contrários. Já o retorno foi mais tranquilo.
Farol – Construído no ano de 1841, o Farol Duque de Bragança fica no ponto mais alto da ilha e tem 29 metros de altura. A energia vem de painéis solares, que também fornecem energia para o restante da ilha. A luz do farol é vista a uma distância de até 50 km.
Fauna e flora – A lagartixa, o sardão e as gaivotas são as principais espécies que compõem a fauna do local, com destaque para a gaivota de pata amarela. Já a fauna é rica e inclui cerca de uma centena de espécies botânicas. Entre elas, Lobularia marítima, Frankenia iaevis e a Pulicaria microcephala.
Sintra – Também conhecemos Sintra, no Distrito de Lisboa. A Vila de Sintra tem em torno de 385,6 mil habitantes, com muitos morros e dezenas de atrações turísticas visitadas por milhares de pessoas todos os dias, principalmente estudantes. Sintra é notável pela presença de arquitetura romântica, sendo reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO. A vila tem se recusado a ser elevada à categoria de cidade, mesmo sendo sede do segundo município mais populoso de Portugal.
Cabo da Roca – Ponto mais ocidental da Europa Continental, o Cabo da Roca situa-se junto ao Oceano Atlântico. Milhares de turistas do Mundo todo visitam o local diariamente. O Cabo da Roca foi descrito por Luís Vaz de Camões, em Os Lusíadas, como o local “Onde a terra se acaba e o mar começa”. Uma lápide com a frase encontra-se afixada no obelisco construído à beira do Atlântico, no alto de um paredão de rocha que fica a cerca de 142 metros do nível da água. Estivemos lá na segunda-feira (16).
Boca do Inferno – Já em Cascais, na Grande Lisboa, conhecemos um fenômeno que chama a atenção. O nome deve-se à analogia morfológica e ao impacto assustador das águas do Oceano Atlântico no paredão de rochas de natureza carbonatada, o que faz com que o impacto da água dissolva o carbonato, dando origem a cavidades enormes. Presume-se que o local tenha sido uma antiga gruta, que foi sendo destruída ao longo dos séculos, restando apenas uma gigantesca cavidade – a tal Boca do Inferno. O local recebe muitos turistas, que desfrutam de paisagens únicas com um magnífico pôr do sol.
Fotos de Donato e Luciana Heinen