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O GRÃO QUE MUDOU NOSSA HISTÓRIA

Nessa entrevista, realizada pelo Portal Plural, apresentada pela jornalista Carol Haag, o ex-prefeito e Diretor do Portal, Alcides Vicini, tendo como convidados o Presidente da Fenasoja 2022, Elias Dallalba e o ex-prefeito, Orlando Desconsi, fez um apanhado, tendo como escopo, a história da soja em Santa Rosa. Cidade que recebeu o título de “Berço Nacional da Soja”, através de um projeto de lei no Senado Federal.

O pequeno grão que mudou nossa história, um munícipio a 500 km da capital gaúcha, Porto Alegre, e tão desenvolvido, sendo referência em diversos aspectos na sociedade.

Um pastor luterano americano teve o protagonismo na introdução da cultura. Albert Ernst Heinrich Lehenbauer convenceu colonos a plantar na região de Santa Rosa, no Noroeste gaúcho, em 1914. Foi ele o responsável por trazer as primeiras sementes para o plantio de soja na região. As famílias do município foram as primeiras do país a produzir soja para o sustento e não em caráter experimental, como ocorriam em outras partes do Brasil

Os primeiros grãos de soja chegaram na Linha 15 para produtores de origem alemã, cada família recebeu um pouco do grão para plantio.

Dezenas de produtores têm construído diariamente, país a fora, a história dessa cultura. A soja gerou tanta prosperidade no Noroeste gaúcho que ganhou até uma festa só para ela, a Fenasoja, que hoje é uma das maiores feiras do Rio Grande do Sul.

Uma semente lançada ao solo e que, ao longo de décadas vem sendo cultivada e dando muitos frutos. Assim é a Fenasoja, que desde 1966, é palco de grandes negócios para o desenvolvimento do Noroeste Gaúcho. Considerado o “Berço Nacional da Soja”, Santa Rosa comemora neste ano os 85 anos da primeira colheita.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA SOJA

Segundo Vicini, “fico imaginando aqueles alemães, há décadas atrás, quando receberam um punhado de grãos de soja, e cada pai ou mãe, orientou aos outros para que plantassem, “foi o pastor quem pediu”. Era uma convicção daqueles alemães brasileiros, de que valia a pena investir”.

“Surgiu realmente o primeiro trabalho voluntário na distribuição das primeiras sementes nesse solo abençoado, mas que teve a mão-de-obra dos empreendedores rurais, fazendo uma evolução fantástica no plantio, superando desafios, a correção do solo para termos uma maior produtividade, ajudados pela Emater e todos os órgãos de tecnologia que fez surgir a “revolução da soja”, com maquinários e as primeiras “trilhadeiras”.

Esta é uma terra abençoado, tem gente empreendedora que acredita no trabalho, na cooperação e faz as coisas acontecerem. E, para termos uma verdadeira vitrine, mostrando todo esse potencial e desenvolvimento, surge, em 1966, a 1ª Fenasoja, tendo o saudoso Willy Klaus como presidente,“ argumentou Nilson Guidolin.

Segundo Elias Dallalba, “as pessoas me perguntam: de onde veio a soja? Ela é originária da China, vinda para o Brasil em 1880, e começa a ganhar força no Rio Grande do Sul nos anos 30. Precisamos lembrar que a soja toma uma proporção comercial em Santa Rosa, mas ela já é trabalhada em várias cidades do estado;

Em 1921, a soja, em parceria com a Escola de Agronomia e Veterinária de Porto Alegre, foi feito um experimento na propriedade de Francisco Seiboth, na Esquina Ramos, hoje Tuparendi.

Onde entra o pastor Lehenbauer? Porque a gente sempre reconhece Santa Rosa como o “Berço Nacional da Soja”? Porque o Lehenbauer fez o trabalho do voluntariado e cooperativismo, a soja ficou restrita em algumas propriedades para o trabalho experimental. A irmã do pastor manda 2 kg do estrangeiro e o Lehenbauer teve a sabedoria de dividir isso em quatro famílias e cada uma ganharia 50% do que colhesse, a outra metade ele ia redistribuindo para outros produtores. Essa é a sabedoria da soja, pois se o pastor não tivesse essa ideia de cooperativismo, talvez a soja não tivesse evoluído tanto.”

Conforme Guidolin, “no Horto Florestal de Santa Rosa, o Técnico Agrícola, Juarez Guterrez, criou uma variedade de soja chamada Santa Rosa. Adaptada a todo o clima e tecnologia, então, tendo uma variedade de soja Santa Rosa, criada aqui.”

“Eu tive a satisfação, como filho de agricultor familiar de trabalhar em uma propriedade rural no início da minha vida, e nós plantávamos a soja Santa Rosa no meio do milho e colhíamos de “foicinha”, ela tinha um caule duro, mas dava para colher. Depois que veio a tecnologia e as máquinas facilitou muito, “ comentou Orlando.

QUAL A IMPORTÂNCIA DA FENASOJA PARA REGIÃO?

Para Elias Dallalba, “o primeiro grande feito da Fenasoja foi que ela manteve viva esta chama de sermos realmente os protagonistas da soja no Brasil, talvez em alguns setores tenhamos esquecido um pouco isso e hoje estamos retomando com força, pois somos realmente o “Berço Nacional da Soja”. Pelo estado já somos assim reconhecidos e tem outro projeto de lei que está tramitando no Senado para conceder este título a Santa Rosa após a sanção do Presidente Bolsonaro.

A Fenasoja, com o passar do tempo, foi protagonista da entrada das tecnologias, máquinas e implementos agrícolas, fabricados em suas empresas ou até residências, que eram trazidos para serem apresentados na Fenasoja e depois comercializados.”

Nilson Guidolin comentou que só não participou da primeira feira, mas de todas as outras, e que a primeira colheitadeira fabricada no Brasil foi pela SLC, de Horizontina, que apresentou esta máquina na Fenasoja de 1966. “Eu diria que esses presidentes foram nossos ídolos, Willy Klaus, Eugênio Pilz, Camilo Beltrame e, na quinta Fenasoja, 1981, que marcou os 50 anos de Santa Rosa, foi a maior por ter durado 13 dias em função da vinda do Presidente Figueiredo, o último presidente a visitar a feira. E com a vinda dele a mídia nacional mostrava para todos que nós éramos o “Berço Nacional da Soja”.

Guidolin fez um registro importante sobre esta feira, “foi uma feira divulgada espetacularmente, pois tínhamos na Presidência da Comissão de Divulgação, Alcides Vicini. Quando terminou a feira, sua esposa, Elenir Vicini, me ligou e disse: por favor, devolva o meu marido, pois há três meses você tomou conta dele.”

Vicini argumentos dizendo que, “de fato, como o Guidolin era o presidente da feira, me chamou para esta comissão, tinham as rainhas e princesas da feira, e a minha missão era pegar elas e circular pela imprensa da região para divulgar a feira. O Guidolin foi um presidente que deu toda uma energia para a feira, é preciso frisar também que foi nesta Fenasoja que se plantou a Árvore Lunar.”

Orlando Desconsi fez um registro no qual falou que “a Fenasoja, a partir do momento que comecei a acompanhá-la, na condição de deputado federal, como prefeito e lá em Brasília quando trabalhei no governo, como cidadão visitando, eu preciso ressaltar que ela tem um grau de organização como poucos, o voluntariado, que serviu de modelo para muitos municípios que tinham uma disputa política e as vezes o presidente do evento era nomeado três ou quatro meses antes do evento, e aqui sempre se teve uma sabedoria de se definir no final do evento o presidente do próximo, que já vem dos quadros da feira, já vem acompanhando, tem a experiência necessária, e os problemas que aconteceram ele tem toda a condição de imprimir o seu estilo, mas valorizando aquilo que se acumulou de conhecimento ao longo do tempo.

A feira traz a tecnologia existente, se relacionou com outros países, as palestras inovadoras, e eu ressalto o papel da Embrapa. A feira é algo lindo para cidade e região. Cada feira tem novos tecnologias, inovação, trabalho humano, o que é muito bom para todos.”

“A Fenasoja é essa “menina dos olhos” desta região porque ela acaba sendo uma vitrine magnífica, mostrando as coisas boas que aqui se faz, mas é importante também para que todos, principalmente os jovens, saberem, nós falamos aqui do começo do plantio da soja, quando se colhiam 10 ou 12 sacos por hectare, e hoje, através das pesquisas e da tecnologia, de uma plantinha que dava um resultado modesto, nessa semente que se transformou numa grande força motriz levando o progresso, porque ela multiplicou a produtividade”, relatou Alcides Vicini.

“Gostaria de dizer que a Embrapa, Alysson Paolinelli, ex-Ministro da Agricultura, que está concorrendo ao Prêmio Nobel da Paz, por tudo que o Brasil produz em soja e outros produtos, sendo o celeiro do mundo, mais a tecnologia da semente, preparo da terra, defensivos agrícolas, plantio, colheita, transporte e armazenamento, todas as cooperativas deram um salto em termos de aporte tecnológico aos produtores e, mais do que isso, a capacidade empreendedora do nosso produtor, ele tem uma determinação para absorver todas as tecnologias, de investir e produzir o máximo possível. Todos estes fatores que foram citados contribuem para hoje chegarmos a 80 ou até mais de 100 sacas por hectare”, salientou Nilson Guidolin.

Conforme o presidente da Fenasoja, Elias Dallalba, “não podemos sair daqui hoje sem mencionar alguns fatos da história da feira. O mais importante, e é o sucesso da feira, é que nossa Fenasoja não é partidária, não tem envolvimento político, não temos que ficar brigando por ideologias, e a nossa região dá exemplo para todo o Brasil de como juntos podemos fazer uma cidade, região e um país melhor. A Fenasoja é magnífica com isso, pois em 1992, Vicini era o prefeito e Herberto Werner o presidente da feira e se teve a grande sabedoria de deixar a feira independente juridicamente e ela não ter mais nenhuma ligação política com a prefeitura, esse foi um grande salto.

Também na Fenasoja precisamos destacar que ela é grande porque é feita por voluntários, um exemplo de organização. Muitos que chegam de fora quase não acreditam que desde a pessoa que está recebendo na portaria, até o presidente, são todos voluntários, e pasmem, há uma fila de espera de jovens e pessoas querendo participar voluntariamente da feira.

A Fenasoja está sempre se transformando, inovando, com um pé no futuro, mas sempre com um “pezão” no passado.”

Senado aprova PL e Santa Rosa passa a ser oficialmente o Berço Nacional da Soja

O Senado Federal aprovou na noite da terça-feira(26), o projeto de lei que concede ao Município de Santa Rosa o título de Berço Nacional da Soja. A matéria, que já havia sido aprovada pelo Câmara em 2019, é de autoria do deputado federal Jerônimo Goergen (Progressistas).

O parlamentar disse que sente orgulho em defender esta bandeira, que concede a Santa Rosa o reconhecimento por sua vocação à produção do grão, desde antes mesmo de sua emancipação.

Destacou sua felicidade em a proposta ser debatida e aprovada nesta terça-feira (26) pelos senadores, dois dias antes do município passar a viver a Fenasoja. “Parabéns Santa Rosa pelo que vocês fizeram, o município e os agricultores, por este país. A cidade e região devem se sentir honrados pelo título pois é o reconhecimento da importância que tem esta cultura que sustenta a economia do Brasil, com muita força”, destacou Jerônimo Goergen.

O projeto aprovado vai agora à sanção do presidente da República. A expectativa é que isso ocorra durante a visita do presidente Bolsonaro, a Fenasoja, agendada para o sábado, 07 de maio.

Um presidente que representa a força voluntária da região

Uma das missões desta FENASOJA é mostrar como ela é feita. Esse é um dos papéis do presidente Elias Dallalba compartilhado com seus 34 presidentes de comissões, seu vice-presidente e seu coordenador. Esta edição ficará marcada pela premissa, trabalho pelo envolvimento regional.

Com dois anos de preparação, a pandemia do coronavírus fez com que a feira fosse adiada. Elias salienta que foi um período para amadurecer os projetos e adequar as ideias ao momento que vivemos. “Estamos sempre buscando inovar, entregar ao visitante, ao expositor e ao voluntário uma experiência diferenciada de feira. Somos focados na geração de negócios, que destaca o agro, a indústria e o comercio. Além de todos os ativos econômicos regionais que buscamos fomentar. Essa é a nossa força, e queremos gerar trabalho e renda, através das negociações”, disse.

Mas essa relação com a Fenasoja começou cedo na vida do presidente Elias. Dallalba conta que conheceu a FENASOJA quando tinha 10 anos, ao vir de Porto Mauá para Santa Rosa com um casal de vizinhos de seus pais. “Me convidaram para fazer companhia para um sobrinho. Nunca tinha saído do interior e quando entrei no parque de exposições foi como entrar na Disney pela primeira vez”, disse. Para Elias, era algo muito grande, deslumbrante… um sonho. “E aí, eu e o menino fizemos uma proeza. O tio dele nos deu dinheiro para brincar e fomos ver a ‘Monga’ uma mulher que se transformava em macaco. Aquilo foi um negócio tão aterrorizante que até hoje tenho pesadelos com aquela mulher virando macaco e aquele macaco virando mulher (risos)”.

Dallalba quando criança não imaginava que, anos mais tarde, ajudaria a fazer a FENASOJA. “Acredito que o meu encantamento quando menino me motivou a aceitar, em 2012, o convite para ser um integrante da Comissão de Infraestrutura. Não parei mais! Nas edições de 2014 e 2016, fui o presidente da Comissão de Infraestrutura. E para 2018 veio o convite para ser vice-presidente. Quando me convidaram, fiquei em choque. Não entendi o porque, mas tem momentos na vida que a gente não questiona, simplesmente se entrega. O importante é fazer parte da FENASOJA, não importa o cargo. E aí a pergunta é: por que a gente aceita ser voluntário? Não existe uma explicação. Você ajuda sem saber o porque. É uma força que nos move e que faz muito bem para o coração”, salientou.

Elias destaca que como vice-presidente, mesmo depois de muitos anos na FENASOJA, entendeu que a feira só é sucesso por causa das pessoas. O atual presidente, nos dois anos como vice, se preocupou em entender o sistema, o processo de administração, como funcionava e o que podia ser melhorado. “Várias ações administrativas estão acontecendo agora por causa dessas observações. Eu sou apenas o presidente, que nada mais é do que uma peça no tabuleiro. Fazemos um conjunto, um grupo que se completa”, enfatizou.

Questionado sobre o desafio, ele não pensa duas vezes em dizer que quer fazer uma feira que transforme a região e impacte positivamente na vida das pessoas. “Precisamos desmistificar essa história de que a FENASOJA pertence à cidade de Santa Rosa. Ela pertence à nossa grande região e vamos deixar isso claro para os municípios vizinhos”. Prova disso é o apoio às feiras nas cidades próximas, que culminou na criação da Associação de Feiras da Grande Fronteira Noroeste – Integra.

Mas Elias diz que tudo só é possível, graças a força voluntária que é a que faz a feira acontecer. “Nós, voluntários, junto com nossas famílias, estamos fazendo um trabalho para deixar bons frutos e que a comunidade possa usufruir disso. O legado será a construção do Espaço FENASOJA, de dois pavilhões no parque de exposições e o plantio de árvores. Isso tudo é realidade graças ao trabalho e apoio destas pessoas, entidades e do poder público”, reiterou.

Questionado sobre sua maior aspiração com relação ao evento, Elias afirma que espera que os visitantes sejam surpreendidos com tudo o que estiver acontecendo dentro do parque. “Desejo que os visitantes e expositores sintam a emoção que senti quando menino e que sentirei ao iniciar oficialmente a FENASOJA 2020, no dia 28 de abril. Que eles se inspirem na nossa paixão por fazer e absorvam este espírito de mudança, de proporcionar algo diferente para nossa região”, concluiu.

Santa Rosa é assim… A Fenasoja também!

por Alcides Vicini

Todo o observador que não vivenciou, pelo menos a dinâmica de uma edição da Fenasoja, não consegue penetrar na real dimensão e significado deste evento para Santa Rosa e região. É uma feira, sim! Mas além disso, é uma exposição da maravilhosa força de trabalho da região. É um grande encontro de empreendedores de diferentes áreas, ávidos por mostrar o que fizeram nas suas empresas, mas igualmente sedentos por ver o que os outros conseguiram avançar em bons resultados operacionais, pela aplicação das novas descobertas da ciência e tecnologia.

Essas são as facetas mais perceptíveis pelos observadores, até para os mais superficiais. No entanto, este caráter épico, esta mobilização apaixonada, esta força motriz que tira as pessoas e entidades de sua zona de conforto para buscarem o melhor, o novo, o inusitado para o bem de todos, isso é inédito, isso vem de dentro, isso vem da alma coletiva de homens e mulheres que, a exemplo do Pastor Albert Lehenbauer não desejam semear só para si, mas semear para repartir, porque Santa Rosa é assim, e a Fenasoja também.

Podem ter certeza, amigos, os valores do mais genuíno espírito religioso que busca soluções para o bem-comum, a mesma motivação do pastor visionário que soube repartir os primeiros grãos de soja para todas as famílias, e toda a caminhada da nossa feira tem reservado ao longo das edições, o compromisso cooperativo de buscar o melhor para todas as pessoas.

Essa maravilhosa continuação de princípios éticos e jeito pragmático de trabalho, visando resultados benéficos para todos, criou essa magnifica orquestra de cooperação voluntária que permite executar a magnifica sinfonia da solidariedade, deixando de lado as vaidades e interesses pessoais, para priorizar a solidariedade operosa que tudo pode e tudo faz. porque Santa Rosa é assim, e a Fenasoja também.

Essa é a Fenasoja: essa grande agência de lideranças, essa grande convenção de homens e mulheres de boa vontade, que se querem bem, que amam Santa Rosa e ficam felizes com a felicidade das pessoas.

Esta é a Fenasoja: mulheres e homens unidos, felizes fazendo do seu trabalho generoso um tempo de felicidade para todos.

Boa sorte Anderson Mantei,
nosso Prefeito.

Felicidade plena Elias Dalalba, nosso Presidente

Santa Rosa é assim…
A Fenasoja também!

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