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Muitas felicidades muitos anos de Vida & Saúde

Contribuição Teresa Christensen

No longínquo ano de 1935, com dificuldades inimagináveis, foi dado início ao movimento para construção de um hospital maior, uma vez que na sede do novo município, um hospital, precário, chamado também de Hospital de Caridade, funcionava numa pequena casa de madeira situada na Rua Santa Rosa, no cruzamento com a Rua Guaporé.

Era uma construção simples, com um só andar. Possuía uma enfermaria para homens e outra, para mulheres; alguns quartos para dois ocupantes e pequenos compartimentos para a direção, a recepção (ou sala dos bancos como era conhecida) um dormitório para os empregados, uma cozinha e uma pequena farmácia. Não havia salas de cirurgia nem de curativos. Havia escassez de medicamentos, de instrumentos médicos, de rouparia e de alimentos. Os encarregados de serviços internos e da enfermagem eram pessoas sem nenhuma habilitação, apenas com muita boa vontade.

Naquela época, Santa Rosa já não era mais uma pequena Vila, e sim, um grande município recém-emancipado. O pequeno hospital há muito tinha deixado de dar conta das demandas da população. Um grupo de santa-rosenses, no dia 27 de junho de 1935, reunidos no Cine Odeon, tomou a decisão de fundar uma sociedade que passou a denominar-se Sociedade Hospital de Caridade de Santa Rosa com o objetivo de atender a população e, particularmente, ao grande número de indigentes que existia no município.

Cada sócio deveria contribuir com R$ 2000 (dois mil réis) mensalmente para manter o Caixa. Nessa reunião estiveram presentes os senhores: Cel. Volenciano Coelho, Dr. Carlos Kruel, Dr. Felix Plascencia Filho, Luiz de Souza Neves, Walter Hagemann, João Teodoro Winkelmann, José Olavo Viana, Pastor Emílio Krieser, Carlos Kruel Filho, Vergílio Lunardi, Teófilo Coelho, Luiz Zenni, João Aguirre de Araújo e Gumercindo Albrecht.

A diretoria provisória ficou assim constituída: Presidente Honorário, Volenciano Coelho; Presidente, Dr. Carlos Kruel; Vice-Presidente, Vergílio Lunardi; Primeiro Secretário, Gumercindo Albrecht; Segundo Secretário, Luiz Braga Neves; Primeiro Tesoureiro, João Aguirre Araújo; Segundo Tesoureiro, Luiz Zenni. Também foram constituídas as comissões fiscalizadora e angariadora de fundos. Ficou acertado que o novo edifício projetado deveria ser construído todo em alvenaria, com um orçamento previsto em 200.000$000 (duzentos mil contos de réis), o que se constituía numa soma altíssima.

Porém, antes da construção do novo hospital, a diretoria resolveu reformar o prédio antigo até que o novo ficasse pronto, a fim de melhor atender as necessidades existentes. Para tanto, a madeira para a reforma foi comprada do antigo Hotel Internacional que estava sendo demolido, ao preço 11.310$000 (onze mil trezentos e dez contos de réis).

Para gerenciar o Hospital foi solicitada ajuda das Irmãs Franciscanas, pois ninguém mais do que elas estavam preparadas para o atendimento aos indigentes. Além do mais, dispunham-se a trabalhar de graça, não exigindo nada em troca. Assim, desde a sua implantação em 1936, o Hospital contou com os serviços das Irmãs da Ordem Terceira de São Francisco. Retiraram-se no ano de 1976 após quarenta anos de trabalho. Elas foram responsáveis por assumir a tarefa de estruturar o hospital, de maneira que cumprisse o objetivo da assistência hospitalar. Elas foram responsáveis por começar um trabalho humanizado, de organização interna e disposição dos setores. Foram elas que melhor interpretaram e colocaram em prática os princípios da “caridade”, no verdadeiro sentido da palavra e ação.

Com a colaboração da comunidade, no ano de 1939, começou a construção do novo edifício do Hospital de Caridade, na Rua Francisc o Timm, onde ainda permanece. Em julho de 1941, a parte principal já estava construída e em 1945 finalmente o hospital ficou pronto.

Em 1940, estava assim constituída sua primeira diretoria: João Macluff, Presidente; Dr. Carlos Kruel, Vice-Presidente; Gumercindo Albrecht, 1º Secretário; Agostinho Frainer, 2º Secretário; João Araújo, 1º Tesoureiro; Luiz Zenni, 2º Tesoureiro; Vergílio Lunardi, Provedor. O Dr. Felix Plascencia era o seu Diretor e também médico da municipalidade. A Diretoria de Higiene do Estado mantinha um Delegado de Saúde na sede do município, na época era o Dr. Bonifácio José da Silva. Apesar dos registros informarem da boa condição de saúde da população, havia ocorrências de doenças infectocontagiosas, tuberculose, febre tifoide e outras.

Em novembro de 1942 chegou a Santa Rosa o 1º RCT (Regimento de Cavalaria). O refeitório dos “praças” funcionou durante anos junto ao Hospital de Caridade. O Regimento foi instalado neste local. Os praças costumavam fazer as refeições ao ar livre, visto que nesta época, Santa Rosa enfrentava uma das maiores secas de sua história.

No dia 11 de março de 1945, foi finalmente inaugurado o novo edifício do Hospital de Caridade de Santa Rosa, contando com a presença de grande número de populares e de autoridades civis e militares. Coube ao comerciante João Macluff, presidente da Sociedade Hospital de Caridade e ao Prefeito Municipal, Euclides Fernandes da Costa, cortarem a fita simbólica sob calorosos aplausos dos presentes. O Dr. Raul Antonio Lunardi, escolhido orador, fez um brilhante discurso salientando a importância do ato, bem como, a consecução de todos os objetivos previstos. Agradeceu a população de Santa Rosa pela colaboração prestada.

A seguir foi procedido o leilão das chaves das dependências do hospital ainda objetivando angariar fundos, ficando assim definido: A chave da porta principal foi arrematada por Ernesto Engel; a chave da sala de operações, pela Srta. Ivone Timm; a chave da capela, pelo Sr. João Dapper Neto; a chave da maternidade, pela Srta. Celina Maria Lunardi; a chave da porta da enfermaria dos indigentes, pela Prefeitura Municipal de Santa Rosa e a chave da porta da Farmácia, pelo Dr. Francisco Niederauer Timm.

Ainda no ano de 1945, os registros dão conta da ocorrência de 2.022 atendimentos feitos pelos médicos Dr. Egon Lang, Dr. Hugo, Dr Miroslaw, Dr. Lafayette Viana e Dr. Francisco Timm. Os primeiros instrumentos médicos utilizados no Hospital de Caridade vieram da cidade de Porto Alegre, entre eles, o primeiro aparelho de Raio-X adquirido durante a Segunda Guerra Mundial. Esse aparelho foi comprado pela Prefeitura Municipal e doado ao Hospital de Caridade com a condição de realizar gratuitamente os exames para os seus funcionários. Nessa época, os médicos carregavam em suas valises o seu material de trabalho e uma vez por semana atendiam gratuitamente. Era uma doação dos médicos à comunidade. Também durante a 2ª Guerra Mundial o hospital serviu de abrigo para o exército.

Contava o Dr. Emílio Lovato, que o oxigênio era armazenado em bolsas até 1959. Neste ano, foi instalado um tudo de oxigênio de sua propriedade para melhor atender os pacientes. O Laboratório Adolfo Lutz do Hospital de Caridade foi atendido durante muitos anos pela bioquímica Ana Carmem Sandri.

A década de 60 foi marcada por um incêndio que causou enormes prejuízos, destruindo parte do prédio, materiais e documentos. Já na década de 80 até o início dos anos 90 muitas Campanhas e carnes foram utilizados para evoluir o patrimônio e promover melhorias na instituição. Com os valores arrecadados foi possível ajudar no sustento do hospital que cada vez mais ampliava seus atendimentos para a região. A partir da década de 1.990 investimentos no avanço tecnológico e na aquisição de equipamentos modernos puderam ser feitos. Mas esse bom período não durou muito, já no fim da década de 90, a crise começou a assolar a Instituição de Saúde. Sucateamento dos equipamentos, a falta de manutenção na infraestrutura, dividas e inclusive salários atrasados dos funcionários acabaram gerando um difícil momento para o Hospital.

Mas a partir de 2006 o Vida & Saúde começou a vivenciar um novo momento. O Conselho de Administração, assumiu o Hospital com apoio da Prefeitura e começou a negociar as dívidas financeiras. Nesse período, a Instituição enfrentava muitas dificuldades. A partir deste momento, de forma voluntárias, empresários da cidade passaram a trabalhar pelo hospital e conseguiram firmar importantes parcerias para proporcionar investimentos na infraestrutura, tecnologia e gestão.

Hoje o Hospital Vida & Saúde, de Santa Rosa, presta serviços para a comunidade da região noroeste. Com uma área de abrangência de 22 municípios (240 mil pessoas), recebe pacientes para os seus mais diversos tipos de atendimentos. A busca por melhorias na infraestrutura e no atendimento tem sido a marca da instituição nos últimos anos.

87 anos do Hospital Vida & Saúde

Uma história que se aproxima dos 90 anos. Fundado em 1935, o Hospital Vida & Saúde completa 87 anos nesta segunda-feira, 27 de junho. Mais do que celebrar a data, o Hospital trabalha na construção diária de um caminho de excelência na assistência hospitalar que já se aproxima das nove décadas de história.

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A partir deste ano, o Hospital começa a utilizar o slogan “A Caminho dos 90 anos”, que irá trilhar perspectivas de um hospital que não para de crescer. “Somos referência na região e no Estado e estamos trabalhando pela ampliação de serviços, mas principalmente, trabalhando pela vida e pela saúde da comunidade”, afirma o presidente Rubens Zamberlan.

Focado na assistência humanizada, na qualidade do atendimento e na segurança do paciente, o Hospital renovou neste ano a certificação junto a Organização Nacional de Acreditação (ONA), reafirmando o nível máximo: Nível 3 – Acreditado com Excelência. “Estamos entre os doze hospitais gaúchos com o nível máximo de certificação na ONA, o que aumenta a nossa responsabilidade, mas enfatiza a importância do trabalho comprometido desenvolvido na Instituição”, destaca a diretora-geral Vanderli de Barros.

É neste cenário, que a Instituição trabalha com avanços importantes na infraestrutura. Ainda em obras, a Nova Unidade Hospitalar já conta com cinco pavimentos em funcionamento, recebendo pacientes de todo a região no Laboratório de Análises Clínicas, o Centro de Diagnóstico por Imagem, o Centro Cirúrgico (que inclui a Central de Materiais Esterilizados e a Sala de Recuperação) e o Núcleo de Educação Corporativa. Na Unidade Dom Bosco, novos espaços também foram reformados recentemente, abrigando novos consultórios médicos e a Traumatologia, além de manter a Unidade de Saúde Mental e dez leitos de UTI – no espaço anteriormente destinado exclusivo ao tratamento Covid.

Com 1.137 funcionários e cerca de 250 médicos no Corpo Clínico, o Hospital tem oferecido atenção especial aos profissionais com um trabalho voltado ao bem-estar e a valorização dos profissionais, através do Programa de Qualidade de Vida do Funcionário do HVS e do Programa de Valorização Profissional. “Mais do que nos preparamos para os 90 anos, estamos preparando nossos profissionais para novos desafios e para o crescimento do Hospital e da região como um todo”, finaliza o presidente Zamberlan.

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