Feira da Foda - 18-3-23

Feira da Foda projeta uma pequena comunidade no cenário turístico de Portugal

por Donato Heinen, de São Mamede, Portugal

Feira – O evento se tornou famoso por aqui e inseriu uma pequena comunidade do interior de Portugal no mapa turístico do país. Durante três edições seguidas, a feira deixou de ser realizada devido a pandemia de covid-19. Mas este ano retornou com força. A IV Feira da Foda ocorreu nos dias 17 a 19 de março, na pequena localidade de Pias, município de Monção, Região do Alto Minho, Distrito de Viana do Castelo, Norte de Portugal, a poucos quilômetros da fronteira com a Espanha.

Origem – Relatam os moradores da região que a origem do nome da Feira da Foda se deve a um fato curioso. Eles contam que, antigamente, antes de levarem seus animais para vender em uma feira, alguns proprietários davam a eles muito sal misturado às forragens, o que os fazia beberem muita água. Assim, os animais pareciam bem gordos, facilitando a venda. Mas no dia seguinte, os compradores constatavam que os animais que haviam comprado eram, na verdade, bem magros. Aí, após constatarem que haviam sido iludidos, exclamavam: mas que foda!

Festa – A partir dessas histórias contadas na região, lideranças da localidade resolveram realizar a feira com essa denominação. O prato principal é feito à base de carne de carneiro, que é assado inteiro, e servido com outros ingredientes. Devido ao nome inusitado, que no Brasil representa um palavrão – e aqui também – o evento se popularizou muito e atrai visitantes de vários distritos, principalmente do Norte de Portugal.

Músicas e danças – Além da gastronomia, apresentações de músicas e danças típicas do folclore português são as atrações da feira, como os característicos fados ao som de acordeon, bombo, concertina, cavaquinho, reco-reco e outros instrumentos. Também tem exposição de pequenas máquinas agrícolas, feira de artesanato e venda de produtos alimentícios típicos da região. A Luciana e eu visitamos a Feira da Foda na tarde de sábado, dia 18.

Espanha – Também visitamos duas cidades na Espanha, Vigo e Santiago de Compostela. O custo de vida é praticamente igual ao de Portugal, embora o preço da hospedagem seja mais acessível. Pagamos 24 euros pela diária de um apartamento no centro de Vigo com quarto, sala, cozinha e lavanderia.

Santiago – Santiago de Compostela recebe milhares de turistas todos os dias, sendo um dos destinos religiosos mais visitados do mundo. A principal atração é a Catedral de Santiago, um patrimônio mundial cuja construção iniciou no ano de 1075 e foi concluída em 1112. O estilo dominante é o romântico, renascentista e barroco. A população atual da cidade é estimada em 100 mil habitantes. É uma obra simplesmente fantástica e monumental. Em seu interior, estão os restos mortais de Santiago Maior, um dos apóstolos de Jesus Cristo.

Caminhos de Santiago – Desde o século IX, peregrinos percorrem longos trajetos para venerar as relíquias do apóstolo Santiago Maior. Essa peregrinação foi uma das mais concorridas da Europa medieval. Praticamente esquecida durante vários séculos, a partir de 1980 a popularidade da peregrinação cresceu bastante. Os caminhos se espalham por grande parte da Europa e são percorridos por dezenas de milhares de pessoas ao longo do ano, embora nem todos o façam por motivos religiosos. Existem várias rotas com diferentes distâncias. O caminho francês, o caminho espanhol e o caminho português. Vimos dezenas de peregrinos chegando ao final da caminhada, na praça em frente a catedral, no início da tarde de domingo. Falei com um norte-americano que acabara de percorrer 280 km a pé.

Braga – Capital do distrito (estado) de mesmo nome, Braga também fica no Norte de Portugal. Fundada no ano 16 a.C., tem uma população de cerca de 200 mil habitantes. Braga possui um vasto patrimônio cultural e em 2012 foi distinguida com o título de Capital Europeia da Juventude, sendo conhecida também como Roma Portuguesa – devido ao grande número de igrejas – Cidade Encantadora e Cidade da Juventude, apesar de já ter mais de dois mil anos. Visitamos a cidade na viagem de retorno e conhecemos belíssimos jardins no centro de Braga, muito bem conservados e com flores surgindo ainda timidamente no início da primavera. Dentro de poucas semanas, as plantas estarão ainda mais exuberantes, em pleno florescimento.

Porto – Outra cidade que visitamos, tanto na ida quanto no retorno da viagem, foi Porto, que deu nome ao país. Situada no distrito do Porto, na margem do Rio Douro, foi fundada no ano 200 a. C. e tem população atual em torno de 235 mil pessoas. O centro histórico foi classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, sendo conhecida mundialmente pelo seu vinho, as belas pontes e a arquitetura antiga e contemporânea, além da Universidade do Porto, entre outras atrações. Em termos econômicos, a cidade rivaliza com Lisboa, a capital do país. A região do Porto abriga a maioria das pequenas e médias empresas e é onde ficam as regiões mais produtivas de Portugal, também sendo a que mais exporta no país. Porto foi escolhida a Capital Europeia da Cultura em 2001, tendo vários pontos turísticos de destaque, como a Torre dos Clérigos, a catedral Sé do Porto, o Convento do Bom Pastor, a foz do Rio Douro, em cuja margem esquerda fica a Vila Nova de Gaia, local de onde se tem uma visão privilegiada, sendo por muitos considerada a mais bela zona da cidade. Porto foi eleito em 2013 pela Lonely Planet como o melhor destino de férias da Europa, e em 2015, recebeu o título de um dos principais destinos turísticos europeus.

Coimbra – Por ter uma das mais antigas e prestigiadas universidades da Europa, a Universidade de Coimbra, criada em 1537 e atualmente com cerca de 21 mil alunos, dos quais em torno de 10% são estrangeiros, de 70 nacionalidades, em 8 faculdades, a cidade é muitas vezes denominada Cidade do Conhecimento. Coimbra também abriga a mais antiga associação de estudantes de Portugal, a Associação Acadêmica de Coimbra. Existem na cidade ainda vários outros institutos de ensino superior. Durante séculos, a capital do Distrito de Coimbra foi sede da única universidade de Portugal. A população atual é de cerca de 140 mil habitantes. Visitamos a cidade no retorno da Espanha.

Carro – O carro que comprei é um Citroën Picasso Xsara, ano 2000, a diesel. Já percorreu 316 mil quilômetros e ainda está em condições muito boas. No percurso de retorno, computei a média de consumo. Fiz 19,5 km com um litro de combustível, que aqui chamam de gasóleo.

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