Na ocorrência do júri do caso Bernardo de Três Passos, oportuniza algumas reflexões sobre a condição humana.
Não há dúvida que os fatos lá julgados, contrariam absolutamente a lógica humana e natural. Até entre os irracionais, pais brigam ferrenhamente na proteção dos filhotes. Entre os humanos, não é diferente. Por isso a tragédia julgada em Três Passos provoca revolta em todas as pessoas minimamente sensatas. A articulação diabólica entre o médico e a madrasta do menino, para eliminá-lo, transpõe todos os limites da frieza e crueldade humana.
Digo isso, porque há poucos anos perdi meu filho primogênito e há nove anos desapareceu o nosso caçula. Posso assegurar a vocês que a partida do filho provoca dor pungente e inarredável do nosso coração.
Com relação ao desaparecido, a ferida é ainda mais pungente e dolorosa. A incerteza sobre seu real destino, provoca mil cogitações sobre o que realmente aconteceu ou está acontecendo. A absoluta falta de informações deixa um vácuo de cogitações as mais desencontradas.
Em cada objeto deixado por um ou outro, provoca lembranças, sempre melancólicas da saudade de momentos vivenciados e que não se repetem mais.
A partir destas duas tragedias de que nossa família foi vítima é que se torna mais intrigante a atitude do médico que, de forma fria e calculista , levou à morte o próprio filho.
Imagino que nos 31 anos que ele vai purgar no prisão, mais que a perda da liberdade, o que mais vai atormenta-lo é a desgraça de haver tirado a vida do próprio filho, quando, como médico, assumiu o sagrado compromisso de salvar a vida. Que Deus tenha piedade desse infeliz.