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ISOLAMENTO E ECONOMIA

O mundo foi afetado pela Pandemia do Coronavírus, muita preocupação, poucas informações por ser um vírus novo, e no meio de tanto debate, medidas e decretos que isolam a população em casa, acabam com as aulas, sem rodas de bar, festas e fechamento do comércio, uma questão veio à tona: como vai ficar a economia, o que pesa mais na balança, a saúde ou a questão economia?

Segundo Google Retail AIT, o efeito atual na economia global (SITREP) está classificado em 5, sendo esse o primeiro estágio de contingência, com mercados importantes reagindo fortemente ao surto. Aumento das vendas online, para diversas categorias de produtos, incluindo alimentos.

As indústrias mais impactadas no curto prazo são aquelas que envolvem o contato humano: alimentação e entretenimento fora de casa, viagens, salão de beleza e ginástica. Moda, cosmético, luxo e bebidas foram impactadas negativamente. Por último, temos o grupo de bens duráveis que serão despriorizados.

Com o fim da epidemia, as indústrias que devem se recuperar mais rapidamente são as de lazer: alimentação e entretenimento fora de casa e viagens. Os itens de cuidados com a saúde e alimentos e bebidas seguirão aquecidos. A indústria de moda também deve voltar a aquecer ao longo do tempo. Bens duráveis devem permanecer inalterados por mais um tempo.

O Brasil ainda está alguns dias atrás na epidemia em relação a outros países, o que reflete também no perfil de buscas que cresce no interesse por álcool gel e decresce em artigos para viagem, moda e móveis, categorias que têm as quedas mais acentuadas em relação aos patamares do início do ano.

O assunto ficou ainda mais em evidência após a declaração do presidente Jair Bolsonaro, “Noventa por cento de nós, não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos, sim, é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros. Em especial, aos nossos queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde. O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós, e brevemente passará. Nossa vida tem de continuar. Empregos devem ser mantidos, o sustento da família deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade”, afirmou.

O Jornal Plural conversou sobre assunto com Cássio Feltes, vice-presidente de Comércio da ACISAP de Santa Rosa, que faz parte do Comitê de Crise sobre o COVID-19, juntamente com outras autoridades municipais de setores da saúde, sociedade civil e segurança pública. Ele nos relatou que é grande a preocupação com o vírus e com a doença, mas também existe uma grande preocupação com a parte econômica que sofrerá impactos, foram realizadas algumas pesquisas com público e empresários locais, também disse que ações já estão sendo tomadas pelos Governos Federais, Estaduais e Municipais.

Cássio Feltes, vice-presidente de Comércio da ACISAP de Santa Rosa

“É uma experiência nova, percebemos que cada país tratou do assunto de uma maneira, uns com mais êxito outros com menos, estudamos situações distintas que ocorrem em cada país, que envolve idade, comportamento e sistemática para combater a doença. Existe uma perspectiva de perda de empregos e faturamento, não é uma visão clara sobre o assunto. No comitê criado tratamos de diversos temas, entre eles à questão economia, onde já estudamos ações que estão e serão realizadas”.

Desde janeiro, as análises sobre o impacto do surto na economia do Brasil apontam um cenário cada vez mais negativo. Mas isso tem mudado com rapidez. Inicialmente, em fevereiro, o governo Jair Bolsonaro falava em impacto de menos de 1 ponto percentual no crescimento previsto, em torno de 2% do PIB. No dia 20 de março, o governo cortou sua projeção oficial de 2,1% para 0,02%.

Analistas e pesquisadores apontam que o Brasil pode enfrentar um recuo da economia, em patamar que lembra a crise financeira de 2008 e a greve dos caminhoneiros em 2018.

Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, o PIB brasileiro pode recuar 4,4% em 2020. Para o banco Itaú, se a economia brasileira sofrer uma paralisação tal qual ocorreu na China durante as quarentenas impostas, o PIB pode cair 0,7% neste ano.

Em Santa Rosa um novo decreto entrou em vigor na segunda-feira (30/03), o comércio vai reabrir as portas seguindo algumas medidas divulgadas pelo Governo Municipal:

– Higienizar periodicamente, durante o período de funcionamento e sempre quando do início das atividades, as superfícies de toque (corrimão de escadas rolantes e de acessos, maçanetas, portas, inclusive de elevadores, trinco das portas de acesso de pessoas, carrinhos, etc.), preferencialmente conforme as medidas repassadas pela Vigilância em Saúde;

– Manter a disposição e em locais estratégicos, álcool à 70% (setenta por cento), para utilização dos clientes e funcionários do local.

O atendimento deve ser realizado com equipes reduzidas e com restrição ao número de clientes concomitantemente, como forma de controle da aglomeração de pessoas.

As empresas deverão organizar os seus fluxos internos e externos de atendimento ao público, evitando aglomeração de pessoas, priorizando casos de saúde e segurança.

Fazer a utilização, se necessário, do uso de senhas ou outro sistema eficaz, a fim de evitar a aglomeração de pessoas dentro ou fora do estabelecimento.

A lotação nos estabelecimentos não poderá exceder a 30% (trinta por cento) da capacidade máxima prevista no alvará de funcionamento ou PPCI, bem como de pessoas sentadas.

“Existia em vigor um decreto, que foi atualizado agora no município, onde permitiu a reabertura do comércio com medidas que devem ser adotadas pelos estabelecimentos. Em pesquisa com empresários no site da ACISAP, 60% responderam que sim, teriam que demitir caso o fechamento do comércio durar mais de 10 dias, 13% informaram que a demissão seria de mais de 10 funcionários, isso é preocupante. Também perguntamos aos empresários sobre quem era a favor da abertura do comércio: 80% responderam que sim, 90% foram adeptos a quarentena vertical onde é isolado os grupos de risco, idosos, grávidas, pessoas com deficiência pulmonar e liberar a classe trabalhadora de uma faixa etária menor para que continuem suas atividades”, disse Cássio Feltes.

Segundo Cássio, a realidade atual da nossa região é diferente das grandes cidades que estão com diversos casos, “As opiniões são diversas, existe uma situação favorável à região, que tem um caso confirmado, se estivéssemos em São Paulo à opinião seria diferente, mas nesse quadro atual a tendência do publico em geral e empresários para as ativida…

des seguirem normais adotando as medidas cabíveis de segurança divulgadas pelo Governo Estadual. Para a saúde do estado se manter ativa precisa de arrecadação de tributos que chegam somente se a economia funcionar, ou não haverá esses recursos para a saúde. Entendemos que é uma linha tênue, quando se fala em saúde, mas devemos manter as empresas em operação para gerar tributos, por outro lado devemos preservar os trabalhadores e a comunidade, nossa linha de raciocino é moderada, devendo funcionar as atividades, as operações comerciais e industriais, mas com ressalvas já divulgadas”.
“Tendo em vista o cenário da nossa região, que é muito organizado, principalmente na área da saúde, minha posição é que devemos fazer uma quarentena vertical, onde se tem a possibilidade de trabalhar normalmente e preservar as pessoas que precisam de cuidados, suscetíveis a pegar o vírus, não se tem verdade absoluta, o que temos são posicionamentos e observações, nesse momento o cenário da região é de quarentena vertical”, disse Cássio Feltes.

SAÚDE

Na parte da saúde a maior preocupação é especialmente com idosos, os médicos são quase que unanimes em dizer que a quarentena é eficaz para diminuir a curva dos casos, o médico e Deputado Osmar Terra, defende que a quarentena da população trará malefícios à economia e poderá piorar a situação.

Sobre a questão de saúde Cássio Feltes, disse: “Na parte de saúde conversamos com a Diretora Geral do Hospital Vida & Saúde, Vanderli de Barros, que nos informou que a cidade está muito bem preparada, juntamente com a estrutura do Dom Bosco, onde serão tratados somente pessoas que estiverem em estado grave do COVID-19, os pacientes com sintomas leves devem entrar em contato com o Hospital e FUMSSAR, e será tratada em casa em isolamento durante a quarentena, como está sendo tratado o primeiro caso confirmado em Santa Rosa. O homem voltou de viagem, procurou atendimento por vontade própria, foram realizados exames nele e na família, o resultado saiu após oito dias, confirmado o caso nele e sendo negativo em toda a sua família, ele já estava em isolamento desde que chegou, não precisamos ter pânico, esse caso está muito bem conduzido pelas equipes de saúde”.

Deputado Osmar Terra

O Programa Plural Entrevistas, entrevistou o médico Patologista, Rogério Klemenchuk, na qual explanou de forma cientifica, como se comporta uma epidemia, no caso do coronavirus, uma Pandemia Mundial, “já houveram várias pandemias no mundo, porém, nenhuma igual a essa, o coronavirus sempre existiu sendo descoberto aproximadamente em 1960, episódios registrados na China. O que se sabe do coronavirus até o momento é que ele se tornou altamente contagioso com uma parte de infecção muito rápida com parâmetro clínico, onde as pessoas observam que o vírus costuma acometer de uma forma letal pessoas mais idosas, no entanto, como vírus ainda não se sabe como ele acontece”.

“Alguns defendem o isolamento social e outros não, sou sim um defensor do isolamento, ao contrário de alguns políticos”. Para o Dr. Rogério Klemenchuk, o que todos necessitam fazer para evitar um colapso em relação à saúde, é fazer o achatamento da curva,onde um pilar significa números de infectados, outro pilar da curva é o tempo que a infecção acontece e quanto maior a curva se acelerar em relação ao tempo, pior! Porque se um hospital possui dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e chegarem trinta pacientes, vai faltar leito para vinte.

A maior parte das pessoas serão contaminadas, seguindo o que ocorreu com a influenza, H1N1 como foram várias infecções ao redor do planeta, Rogério Klemenchuk salientou que sempre vai haver surto e pessoas irão morrer por diversas circunstâncias, isso é normal, o que não pode acontecer é fugir do parâmetro de infecção, ou seja, muitas pessoas contaminadas em pouco tempo. Muitos estão achando que a Hidroxicloroquina vai fazer o mesmo efeito que o Tamiflú fez na H1N1, o problema é que se fosse ter o mesmo efeito, teria resolvido o problema na China, Itália, Alemanha e Espanha, onde todos estão usando e mesmo assim pessoas estão morrendo.

O doutor assinalou que o bom dessa história toda é que a letalidade em crianças é quase zero, a não ser os neonatos (Neo Nascidos de mãe com coronavirus), “todos serão infectados, 90% das pessoas irão apresentar sintomas e caso não sejam acentuados deverão ficar em suas casas e tratar com medicamentos já conhecidos como: Antitérmico para a febre, analgésicos conhecidos associado a um anti-inflamatório e mais nada! Sem pânico, mas, infelizmente muitos estão usando o coronavirus de forma política, o que é errado. Uma pessoa só deverá ser hospitalizada caso ela apresente entre os sintomas falta de ar prolongada e com quadro de piora.

Osmar Terra, que em 2009, na pandemia de H1N1, era secretário de saúde do Rio Grande do Sul. Na época, ele coordenou o combate à gripe suína no Brasil. “A maioria das famílias brasileiras já tem uma pessoa com o vírus, estatisticamente. Se fechar em casa, ela vai contaminar todo mundo. Foi o que aconteceu na Itália. Eles começaram a fazer a quarentena e, cerca de 12 dias depois, tinha o triplo de novos casos por dia. Então não funciona. Qual é o país que teve o melhor resultado no enfrentamento até agora? É a Coreia. E lá, não fizeram nada disso. Tem que seguir o bom senso da medicina, da epidemiologia, tomar os cuidados. Sempre estar lavando as mãos, manter sempre uma distância de um metro das pessoas”, disse ele.

Terra analisou que o auge da pandemia será daqui a um mês. Após esse período, diz ele, o número de casos deve diminuir drasticamente. “Na minha avaliação, essa curva chega ao ápice na terceira semana de abril e depois cai. Eu coordenei o combate à Influenza A H1N1, não tem muita diferença do tipo de perfil que o vírus apresenta. Mas o tipo de perfil cai muito rápido e na primeira semana de junho já deve estar terminada. A epidemia, como tudo, vai acabar porque mais da metade da população se contaminou. Isso é natural. Quando não tem vacina e nem tratamento, ela só regride quando a maioria da população está contaminada. E a maioria não vai sentir nada”, afirmou.

Segundo Terra, o número de mortos não deve ser alto. “Coronavírus vai ter um número muito baixo de casos fatais. No Rio grande do Sul, todo ano morrem cerca de mil pessoas de influenza sazonal no inverno. Não vai morrer tudo isso de coronavírus no Brasil inteiro”.

O deputado considerou imprudentes as ações promovidas pelos governos estaduais para conter o avanço do coronavírus. Os veículos de comunicação, segundo Terra, têm criado um ambiente de pânico na população ao noticiar fatos considerados negativos.

O isolamento, segundo Terra, só deveria ser aplicado àqueles que estão em grupos de risco, como portadores de outras doenças. “Esses que têm outro tipo de enfermidade tem que ser resguardados também. A pessoa que tem um câncer, uma doença autoimune, ou pessoas que tomam remédios para baixar a imunidade para transplante, esses devem tomar cuidado. Essas pessoas devem estar em isolamento. Quem tiver febre também tem que ficar isolado, em casa com a família, porque provavelmente já transmitiu para a família toda”, disse ele.

Dom Bosco Covid-19

Desde sábado(28), entrou em funcionamento a Unidade Dom Bosco Especializada em Doenças Respiratórias e Coronavírus. O Hospital Vida & Saúde está com cerca de 100 profissionais atuando 24 horas no serviço. Neste primeiro momento, está no plano do Governo Estado para Santa Rosa, 10 leitos de UTI Adulto, 20 leitos clínicos e Ambulatório.

Foram duas semanas de intenso trabalho para deixar tudo pronto. No sábado algumas autoridades estiveram no hospital para conhecer as instalações que no momento não têm pacientes internados. Segundo o Prefeito, Alcides Vicini, “Ficamos mais tranquilos de saber que termos toda essa excelente infraestrutura pronta para atender a comunidade”.

Trinta leitos prontos na Unidade Dom Bosco Covid-19

O plano de atendimento do hospital com o estado é para a região macro missioneira que inclui região de Santa Rosa, de Santo Ângelo e de Ijuí. As pessoas com sintomas de gripe devem procurar atendimento no Dom Bosco. As pessoas que viajaram recentemente e que estiverem com sintomas devem continuar fazendo contato primeiro com a Fundação pelo número: 99616-0074.

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