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Em família

por Alcides Vicini

Eu sou de uma família de cinco irmãos: João, Otília, Alcides, Alécio e Valdemar. A última a partir no dia 14 de junho passado, foi a Otília, nos seus 83 anos. Foi um momento muito melancólico para mim, depois de ficar órfão de pai e mãe , também ficar na orfandade também dos irmãos, dois deles com menos idade que eu.

A partida da Otília, talvez por ser a única irmã da família, me marcou de forma mais intensa. Na última vez que a visitei, duas semanas antes da passagem final, ver a fragilidade da sua saúde, me fez sentir de perto, muito de perto, quanto somos frágeis, transitórios, fugazes.

Minha irmã era uma mulher forte, corajosa, guerreira que teve e viu crescer os nove filhos de sua caminhada de mãe. Ela herdou na plenitude as características de nossa mãe. Senso de humor capaz de enfrentar e superar todas as enormes dificuldades decorrentes da pobreza intensa e uma viuvez prematura. Mas a Otília não viveu esse infortúnio. O seu Gabriel manteve-se firme ao lado dela, até partir dois anos atrás, nos seus 86 anos.

Minha irmã teve a felicidade de deixar vivos todos os nove filhos, netos e bisnetos. No nosso último encontro, disse a ela que Deus a preservou do maior infortúnio de um pai ou de uma mãe: enterrar o próprio filho ou filha. Essa é uma dor tão aguda, tão intensa, tão atribulante que quase leva à loucura. Disse a ela que eu afirmava isso com total conhecimento de causa. Eu passei por essa dolorosa experiência de perder meu filho primogênito. Quando o Silvinho partiu, uma chaga profunda começou a sangrar e, de quando em quando, as lembranças retornam e agridem fortemente meu coração.

Neste momento muito duro de minha orfandade de todos os meus irmãos de sangue, nas duas fotos de 15 anos a primeira e aos 83 a segunda, faz a gente refletir sobre as ações do tempo sobre nós. As formas se alteram inexoravelmente

Constatamos que os verdadeiros valores, os que se perpetuam, são do interior. os externos são fugazes e passageiros como o próprio inconstante e é transitório tempo, somos todos passageiros. Temos de nos agarrar aos valores transcendentais. Só eles dão sentido a nossa vida. A partida de minha irmã, me abriu os olhos de forma transparente. Temos de viver com alegria o tempo que nós, é, reservado. Nossas ações tem de ter compromisso com o bem e a construção. Só assim, na hora da partida, sentiremos a segurança do dever cumprido e da recompensa eterna.

Vamos tocando em frente, cada qual fazendo sua parte, imitando o melhor de quem partiu a nossa frente.

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