No dia 20 de setembro, o Rio Grande do Sul vive um dos momentos mais emocionantes de sua história: as celebrações da Revolução Farroupilha. Esse dado, que marca o início da revolução em 1835, é um verdadeiro símbolo de luta, resistência e identidade para os gaúchos. A Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, foi o mais longo movimento de rebelião regional do Brasil e teve profundas repercussões na formação da cultura e do espírito do povo sul-rio-grandense.
A insatisfação dos estancieiros gaúchos com o governo imperial brasileiro foi o estopim do conflito. Na época, o Brasil era regido por um sistema centralizado, e o Rio Grande do Sul sofria com a alta tributação sobre produtos locais, como o charque, que competia deslealmente com o charque argentino e uruguaio, que chegava a preços mais baixos ao resto do país. Os estancieiros gaúchos, descontentes com a falta de apoio e a ausência de políticas que favorecessem a economia local, se organizaram para lutar pela autonomia política e econômica do estado.
No dia 20 de setembro de 1835, sob a liderança de Bento Gonçalves, um grupo de farrapos, como ficaram conhecidos os revolucionários, tomou Porto Alegre, dando início ao conflito. Durante os dez anos de guerra, os farrapos lutaram para estabelecer a República Rio-Grandense, um ideal de autonomia e autossuficiência em um Brasil que ainda caminhava para consolidar sua unidade territorial e política.
A Revolução Farroupilha foi marcada por batalhas épicas, como o Cerco de Porto Alegre e a Batalha de Seival. Contudo, foi também um movimento carregado de valores e ideais. Os farroupilhas lutaram pela liberdade de suas terras, pela preservação de suas tradições e por um governo mais justo e representativo. Essa resistência moldou o caráter do gaúcho: determinado, resiliente e profundamente ligado à sua terra e cultura.
Ao longo da década de conflito, o exército farrapo chegou a declarar a criação de duas repúblicas independentes: a República Rio-Grandense, com sede em Piratini, e a República Juliana, em Santa Catarina. Mesmo sem o reconhecimento internacional, esses gestos demonstraram a força e a determinação dos revoltosos.
Em 1845, após uma década de lutas intensas, a guerra chegou ao fim com a assinatura do Tratado de Poncho Verde. O acordo não trouxe a independência, mas garantiu a anistia dos revoltosos e algumas conquistas, como a liberdade dos escravos que lutaram ao lado dos farrapos. O legado da revolução, no entanto, é muito além dos campos de batalha.
O 20 de Setembro é mais do que um dado histórico para os gaúchos. É o símbolo de um povo que não se curva diante das adversidades, que honra suas tradições e que carrega com orgulho os valores de liberdade, justiça e democracia. Durante as comemorações da Semana Farroupilha, os gaúchos revivem os ideais de seus antepassados, celebrando com desfiles, acampamentos e rodas de chimarrão, ao som da gaita e do violão, o espírito indomável do Rio Grande.
O movimento farroupilha deixou um legado cultural profundo. A bravura dos homens e mulheres que lutaram na revolução se reflete até hoje no orgulho de que o povo gaúcho sente ao se identificar como descendente dos farrapos. A tradição gaúcha é preservada e transmitida de geração em geração, seja na dança, culinária típica, como o churrasco e o chimarrão, ou no amor pelo cavalo e pelos símbolos do pampa.
Neste 20 de setembro, o Rio Grande do Sul não apenas relembra sua história de luta, mas celebra o que significa ser gaúcho: um povo de fibra, coragem e amor à liberdade.